Mural da História – 2018

República dos Bananas

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Polícia iria quebrar sigilo do celular de Cláudio Castro, mas aparelho foi roubado

A polícia investiga se o governador Cláudio Castro foi informado com antecedência sobre a operação que investiga corrupção no Rio.

A suspeita vem do fato de que Castro passeou por Copacabana com o seu celular à mostra – e acabou sendo roubado. Como todo mundo sabe que não se deve andar com smartphones no bairro, policiais desconfiam de que Castro fez isso de propósito. Sem o aparelho, as investigações ficam mais difíceis.

O governo do Rio já pediu financiamento à União para construir novos presídios por causa da superlotação de governadores. Mas o dinheiro foi desviado.

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Mral da História – 2019

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Gargantua

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Mural da História – 2018

Teresina, passeio ciclístico. © Vera Solda

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O bico de Pacheco

A decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de colocar para discussão ano que vem a possibilidade de acabar com o instituto da reeleição para cargos no Executivo tem a ver, segundo um senador do PT, com o risco que ele corre de ficar de fora da disputa ao governo de Minas Gerais.

Pacheco tem se movimentado para viabilizar sua candidatura à sucessão do governador mineiro, Romeu Zema, em 2026. Além da dificuldade de encantar o eleitor de Minas Gerais, segundo suas próprias pesquisas, o ex-prefeito Alexandre Kalil, de seu partido, passou a reivindicar o direito de disputar o cargo.

É o mesmo motivo, diz o petista, que move Pacheco a querer criar um mandato para os ministros do Supremo Tribunal Federal. Segundo interlocutores do senador, ele está cansado de concorrer a mandatos eletivos. Seu sonho era ser indicado para o Supremo ou para o Tribunal de Contas da União. Não deu para ele em 2023. E as próximas vagas estão relativamente longe.

Segundo o senador próximo a Pacheco, seus gestos são tanto para tentar atrair o eleitor de Zema, que se alinha ideologicamente à direita, e garantir que o aliado, Davi Alcolumbre (União-AP), consiga se viabilizar efetivamente para sucedê-lo.

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Infalíveis como os papas

O STF entra no modo Clarence Thomas, o ministro da Corte Suprema dos EUA, que deu liminar a favor de aliados de Donald Trump quando sua mulher trabalhava como lobista deles. E que por anos recebeu presentes, hospedagem de férias, viagens no jatinho particular do amigo milionário com processos no tribunal a quem, entre outras situações de discutível transparência e idoneidade, vendeu casa de sua propriedade (sem outras ofertas e sem estar no mercado). A Corte Suprema não tem sistema de correição, no pressuposto de que, sendo o tribunal mais alto da nação, não pode ser submetido ao controle de suas ações – nem por impeachment do Congresso. Daí Thomas sempre recusar, com o silêncio obsequioso e cúmplice, dos colegas, a dar-se por impedido de julgar casos em que é visível o interesse profissional na causa. O STF envereda por esse rumo, com a sobranceria dos que se pretendem acima de qualquer suspeita.

Como o ministro Dias Toffoli, que acaba de dar liminar a caso milionário patrocinado pelo escritório de sua mulher, advogada do beneficiário. Os ministros da Corte Suprema e do nosso Supremo não são iguais às demais autoridades. Os ministros do STF não querem ser iguais por que se pretendem muito mais iguais; sem qualquer parâmetro de comparação instituem-se acima de qualquer suspeita, mínima que seja. Quem evita ser igual, acaba sendo desigual, no sentido pernicioso da desigualdade, o maior dos pecados republicanos. É isso, os ministros do STF e da Corte Suprema são iguais entre si e mais iguais, ou desiguais em relação ao resto do mundo – povo e poder constituído. A ação de Toffoli, oficializada no STF, que deu presunção de legitimidade à atuação de parentes de ministros na Corte, lembra os papas medievais, infalíveis e com decisões inquestionáveis porque levavam o atributo de dogmas e artigos de fé. Os juízes supremos repetem os infalíveis papas de antanho.

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© Klaus Mitteldorf

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Mural da História – 2018

Iara Teixeira (txucarrafilha), Kátia Horn (waurá), Bárbara Kirchner (txucarrafilha), Tânia Buchmann (txucarramãe), Dóris Teixeira (txucarrafilha) e Gilson Camargo (borogodó). © Maringas Maciel (pataxó).

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César Marchesini

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Infalíveis como os papas

O STF entra no modo Clarence Thomas, o ministro da Corte Suprema dos EUA, que deu liminar a favor de aliados de Donald Trump quando sua mulher trabalhava como lobista deles. E que por anos recebeu presentes, hospedagem de férias, viagens no jatinho particular do amigo milionário com processos no tribunal a quem, entre outras situações de discutível transparência e idoneidade, vendeu casa de sua propriedade (sem outras ofertas e sem estar no mercado). A Corte Suprema não tem sistema de correição, no pressuposto de que, sendo o tribunal mais alto da nação, não pode ser submetido ao controle de suas ações – nem por impeachment do Congresso. Daí sempre se recusar, com o silêncio obsequioso dos colegas, dar-se por impedido de julgar casos em que inexista a mínima sugestão de favorecimento da mulher, com interesse profissional na causa. O STF envereda por esse rumo, com a sobranceria dos que se pretendem acima de qualquer suspeita.

Como o ministro Dias Toffoli, que acaba de dar liminar a caso milionário patrocinado pelo escritório de sua mulher, advogada do beneficiário. Os ministros da Corte Suprema e do nosso Supremo não são iguais às demais autoridades. Os ministros do STF não querem ser iguais por que se pretendem muito mais iguais; sem qualquer parâmetro de comparação instituem-se acima de qualquer suspeita, mínima que seja. Quem evita ser igual, acaba sendo desigual, no sentido pernicioso da desigualdade, o maior dos pecados republicanos. É isso, os ministros do STF e da Corte Suprema são iguais entre si e mais iguais, ou desiguais em relação ao resto do mundo – povo e poder constituído. A ação de Toffoli, oficializada no STF, que deu presunção de legitimidade à atuação de parentes de ministros na Corte, lembra os papas medievais, infalíveis e com decisões inquestionáveis porque levavam o atributo de dogmas e artigos de fé. Os juízes supremos repetem os infalíveis papas de antanho.

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César Marchesini

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Fraga

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Natal e melancolia

Em minha ensandecida juventude carioca, nos “breves contra a náusea”, como chamava Clarice Lispector aos intervalos que eu dava, vez em quando, à insanidade, conheci Carlos Drummond de Andrade. Generoso ainda que circunspecto, o Poeta Maior também a reprovar o rali que fazia com meus vint’anos, ensinava: “Um dia talvez você venha saber o que é aceitação filosófica da vida”.

Foram necessários muitos anos de desassossego, até que eu viesse a aprender a lição do mestre. Não mais suicídios nem as desesperações cênicas e arrebatadoras que foram a marca de minha (primeira…) mocidade. Não bebo há 20 anos e deixei o cigarro há 13. Se sou mais feliz assim? Sem dúvida, ainda que a vida, sabemos, não dê trégua a ninguém.

Desconheço o que ganhei com a rebelião e o inconformismo ao jogar na lata de lixo alguns dos mais vigorosos anos de minha vida. Mas sei, e muito, o quanto ganho hoje com aceitar a vida de frente, a frio, e travar, a cada dia, o bom combate. Que não é fácil, isso ninguém duvida. Mas que de epifania, guerreiro leitor, a cada leão abatido, a cada rio de serpentes transposto, a cada abismo que vingo através de um salto, ainda que seja no escuro.

Tudo isso aí para lembrar as recentes estatísticas que vi na internet dando conta de que chegam a aumentar, na maioria dos países civilizados, em até 10% o número de suicídios na proximidade do Natal e do Ano Novo. Mesmo conscientes de que estas datas são sinistras convenções para aumentar, no atacado e no varejo, o consumo.

Não, senhores, não estou menosprezando suicídios nem o aumento no consumo, coisa aliás em que ora se empenha o des-governo da República, mas a chamar a atenção de que não devemos levar muito a sério os papais-noéis e os Réveillons que nos enfiam goela abaixo.

Aliás, acabo de receber da Cosac Naify um livrinho precioso: O Suplício de Papai Noel, ensaio de Lévi-Strauss que mata a pauladas a excitação natalina. Se um marciano descesse à Terra e visse o que fazem com o nascimento de Jesus, certamente pensaria que estaríamos chorando a Sua morte e o fim de tudo e de todas as coisas. Não há nada mais triste do que a tal de “Noite Feliz”. Feliz aonde? É de matar criancinha de colo – do primeiro ao último acorde.

Aproveito a data para presentear alguns amigos queridos, nem tanto pelo Natal, mas mais, muito mais, por vencer novo ano ao lado dos que prezo ou estimo. Quanto a mestre Drummond, embora os freqüentes ataques ao bronze de sua estátua, posso dizer, com todas as letras, esteja ele onde estiver, que tenho conseguido, sim, até nos fins-de-ano, -quem diria, poeta? – aceitar filosoficamente a vida.

21/12/2008 

Publicado em Wilson Bueno | 7 comentários
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