Giselle Hishida. © Kraw Penas

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Faça propaganda e não reclame

sebo-dois© Karina Marques

Sebo do Bandido que Sabia Latim, Paulo Leminski. Rua Rocha Pombo, 93, Centro, Castro, PR.

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Vitiligo nele

No regime bolsoignaro, preto assumido só o Hélio Negão

SÉRGIO CAMARGO, presidente da Fundação Palmares do governo Bolsonaro, tem que ser despachado para Cuba. Não que seja comunista. É por causa de sua doença, cuja cura tem histórico de sucesso em Cuba, o vitiligo – aquela das manchas que fazem a pele ficar progressivamente branca, preservando em espaços o matiz original. Sérgio precisa de outro tratamento, o pró-vitiligo, uma reversão do preto para o branco.

Preto de nascença, Sérgio nasceu com alma, cérebro e coração brancos. Por isso carece do tratamento para tornar a pele branca. Ele demorou para assumir a Fundação, que atua na política dos negros (das outras cores cuida a ministra Damares, cor de goiaba, verde por fora, rosa por dentro). Sérgio falava mal dos pretos. Conseguiu assumir a Fundação, pois falar mal de preto no Brasil não dá problema para ninguém.

No governo Bolsonaro as paredes têm ouvidos, as línguas são soltas e os ralos nunca estão entupidos: em reunião recente Sérgio chamou o movimento negro de “escória maldita” e pespegou um “filha da puta” em Zumbi dos Palmares. Esqueceu do “quilombola de vinte arrobas”, uma das mais brilhantes frases do presidente da República. Repetisse o chefe, Sérgio ganharia indulgência plenária e um ministério inútil.

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Mural da História

20 de fevereiro|2011

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Quadrinho também é cultura

Quando soube que eu estava escrevendo um livro sobre as histórias-em-quadrinhos, um conhecido de pouca convivência, assustou-se. Não sabia dessa minha “especialidade”. E deve ter ficado surpreso com o meu (mau) gosto e/ou com o meu despreparo intelectual com esse tipo de literatura. Confirmei que era (ou fora) leitor de gibis, mas cortei, desde logo, um longo e inútil debate, limitando-me a atribuir o fato a um “defeito de formação”. Ou seja, disse-lhe que a culpa fora do meu saudoso pai, que – lá pela jurássica década de 40 do século passado, quando a televisão era um sonho distante e os computadores apenas loucuras de Júlio Verne – resolvera instigar nos filhos o gosto pela leitura, de Charles Dickens e Alexandre Dumas a Monteiro Lobato, Alex Raymond e Walt Disney.

Mas poderia ter-lhe dito que gibi não é algo tão ruim assim. Ou não era. Ou então, valendo-me das palavras do sociólogo Gilberto Freire, nos idos de 1949, que “as histórias-em-quadrinhos são uma forma nova de expressão contra a qual seria tão quixotesco nos levantarmos quanto contra o rádio, o cinema e a televisão”.

Poderia ter-lhe dito, também, como o fez Al Capp, o “pai” de Ferdinando (originalmente Li’l Abner), Violeta Buscapé e de toda a turma de Brejo Seco, cujo nome foi sugerido pelo escritor John Steinbeck para o Prêmio Nobel de Literatura, que toda a objeção e hostilidade às HQs não passam de “puro esnobismo” intelectual.

– As histórias-em-quadrinhos são o melhor tipo de arte em produção na América – sustentava Al, complementando: “Se muita gente não acredita nisso é por causa de uma lavagem cerebral que levou as pessoas a pensar que nada desenhado a caneta ou a lápis, em forma de tiras ou de páginas, pode ser arte. Mas se você desenhar a mesma coisa em formato gigante e a óleo, pronto, o negócio vira arte!”

Rui Barbosa lia gibis. Oswald de Andrade e Monteiro Lobato também. Aliás, em sua Carta a Monteiro Lobato, Oswald assentou: “Os mitos do século XX foram postos a nocaute pelo mocinho russo, pelo marinheiro Popeye e pelos vaqueiros justiçadores do sertão. E o super-homem de Nietzche não pôde com o Super-Homem do gibi”.

Ruy Castro, jornalista, escritor e estudioso dos comics, que assinou uma das primeiras colunas sobre gibis na imprensa brasileira, informa que pesquisa realizada nos EUA mostrou que 90% americanos leem e confessam que leem histórias-em-quadrinhos.

É claro que, como nem tudo o que brilha é ouro, nem tudo o que se edita em quadrinhos presta ou merece ser levado para casa. Mas isso não acontece com toda a atividade humana? Para Umberto Eco, escritor e um dos maiores especialistas do mundo em comunicação de massa, cerca de 95% dos quadrinhos não valem nada, 4% têm um correto nível artesanal e apenas 1% é composto de obras-primas. E não é o que acontece com o cinema, a pintura e a literatura em geral? Ademais, esse 1% aí já representa um universo inteiro.

Aliás, depois que o gaúcho Francisco Araújo transformou as HQs em disciplina acadêmica e passou a discuti-las em sala de aula, na então avançada Universidade de Brasília dos anos 70, elas viraram até tese de doutorado.

 – Como linguagem – ensinava Araújo –, os quadrinhos são tão importantes e eficazes que podem ser utilizados dentro de qualquer linha de pensamento, já que eles são sempre neutros.

Nem sempre, meu estimado Araújo, mas deixa prá lá.

P.S. I – Com o título de “Quadrinho também é Cultura”, escrevi e montei um livrinho de 100 páginas, reunindo textos que eu escrevera para O Estado do Paraná, no final dos anos 90. Coisa caseira, de apenas dez exemplares, um dos quais foi exposto por Aldemário de Matos, na Livraria Gibi, em São Paulo, e assanhou muita gente.

P.S. – Conclui a montagem do outro livrinho – agora já “livrão” – que vinha escrevendo (“A Arte que está no Gibi”). Chegou a 160 páginas, a partir do pioneiro Garoto Amarelo (Yellow Kid) até chegar a Asterix, do recém falecido Albert Uderzo. Inclui, inclusive, o texto acima. Como certamente não haverá interessado em editá-lo, o calhamaço vai para o arquivo. Talvez saia um dia, como obra-póstuma.

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Com o descaso do governo Bolsonaro, o Brasil avança na calamidade do coronavírus

Nesta quarta-feira a divulgação diária dos dados de mortos e infectados pela Covid-19 no Brasil demorou para sair. O Ministério da Saúde alegou “problemas técnicos” para o adiamento. A causa pode até ter sido mesmo dificuldade técnica, porém o desmonte que vem sendo feito no ministério por Jair Bolsonaro não permite mais nenhuma confiança sobre a atuação do governo na crise do coronavírus.

A reforma geral feita no ministério causa desconfiança por duas questões. Primeiro, nada que vem de Bolsonaro é feito com boa intenção e senso de coletividade. E mesmo que seja apenas uma mudança de método, na sua incapacidade ele não consegue fazer nada com qualidade. Com esse presidente nenhuma questão pode ser vista pelo ângulo da divergência. Não há do que divergir. Ele simplesmente não sabe fazer.

Mas enfim saiu o resultado, depois das 22 horas. Tivemos mais um recorde diário, com o registro de 1.349 mortes por Covid-19 em 24 horas. O número de vítimas fatais subiu para 32.548. O total de casos confirmados está em 584.016. De ontem para hoje, foram 28.633 diagnósticos positivos.

Neste ritmo é capaz do número de mortos pela doença chegar mesmo a 100 mil, conforme a previsão feita por especialistas logo que aconteceram as primeiras mortes, previsões que eram repelidas com ironias pelo presidente e seus aliados negacionistas e depois replicadas nas redes sociais por idiotas manipulados pela máquina de comunicação governista.

Por falar nisso, anda sumido aquele “especialista” tão exaltado por bolsonaristas, o deputado Osmar Terra, que era elogiado por Bolsonaro e sua corja de seguidores como quem mais entendia de coronavírus em todo o mundo. No início de abril o deputado, que recebeu o apelido de Osmar Trevas, enviou um áudio pelo WhatsApp para o senador Flávio Bolsonaro, afirmando com grande satisfação que a pandemia do novo coronavírus estava “desabando”.

Eles estava feliz com a grande “descoberta”, que o consagraria e desmoralizaria a oposição a Bolsonaro. Era capaz até dele conseguir finalmente sua nomeação como ministro da Saúde. No áudio, o deputado negacionista dizia que no Brasil a pandemia “já atingiu o pico no final de março”. Quisera que este político indecente estivesse certo. Em 31 de março o país tinha 201 mortes e 5.717 casos confirmados de coronavírus.

Agora já ultrapassamos 30 mil mortes e existem previsões de que esse número pode quadruplicar até o final de julho. É dureza, mas sem dúvida foi possível uma redução de danos, embora Bolsonaro tenha atrapalhado bastante como sabotador, ajudado por figuras nefastas que o cercam, além dos estúpidos seguidores que infernizam as redes sociais.

É difícil calcular como o Brasil estaria se governadores e prefeitos tivessem deixado de agir e a receita de Bolsonaro fosse aplicada. Não dá para avaliar a mortandade, até porque aos mortos pelo coronavírus seriam somadas milhares de vítimas de outras doenças e acidentes, que poderiam morrer pela falta de atendimento devido ao colapso no sistema hospitalar.

Até aqui, o esforço dos brasileiros vem amenizando o estrago causado por Bolsonaro. Seja pelo boicote desumano ou pela incompetência, nada vem de útil desse governo. De novidade, até agora só teve este atraso na divulgação. Pelo jeito, tecnicamente não estão preparados nem para contabilizar os mortos.

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A filosofia e o chulé

Uma meia furada é melhor do que uma meia remendada.

A frase de Hegel me perseguia há anos, aquilo de subdesenvolvido para quem o que é escrito por alemão, evidentemente em alemão, é sabedoria densa, profunda e inacessível aos mortais. A angústia se foi em dois meses de quarentena, quando derrubei – e fui derrubado pelo sono – a biografia de Martin Heidegger (Rüdiger Safranski, Ed. Geração, 2019, 500 pg, trad. Lya Luft).  MH foi o segundo Hegel, cada qual o filósofo referência do respectivo século.

Tem coisa que a gente lê para não passar vergonha, não ficar para trás; lembro que na universidade tinha os colegas que metiam um Marx e um Freud em casa assunto do Direito, até na lei do inquilinato. Hoje, diriam os alemães, vivo um Schadenfreude (a alegria pela desgraça alheia) de ver que eles continuam as mesmas bestas, o do Freud empacado na neurose e na calvície, o  enroscado em Marx sem dominar a regência verbal do português.

Os contemporâneos e ex-amigos de Heidegger (Karl Jaspers, Edmund Husserl, Hannah Arendt) diziam que nem ele sabia o que queria dizer, sua filosofia resultando em mera verbiagem. Estou para enfrentar Hegel e tirar a cisma, não quero chegar aos eternos campos de caça e dar de cara com o professor César Augusto Ramos, hegeliano de capa e espada, a pescar as virgens com hegel de mafuá. E a meia furada de Hegel, como entra na filosofia? Acho que entendi.

Meia furada e meia costurada provocam impressões, que na filosofia é conhecer pelos sentidos, momento anterior à reflexão, o conhecimento analítico, racional (comentaristas do esporte costumam confundir as categorias). Impressão e sensação, filosoficamente, é a mesma coisa. A meia furada é melhor que a remendada: a costura forma o calombo de linha que machuca os pés dentro do sapato. Foi minha reflexão. Hegel devia estar sofrendo com a dor e com o chulé.

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9 de maio|2009

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Que país foi este?

Roberto Jefferson Monteiro Francisco (Petrópolis, 14 de junho de 1953) é um advogado e político brasileiro que começou sua carreira como apresentador de televisão. É o presidente nacional do PTB. Ficou nacionalmente conhecido por seu envolvimento no esquema de corrupção chamado de mensalão, do qual participou e que foi o primeiro a denunciar. Foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal pela prática de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tendo a sua pena em um terço pela colaboração com a investigação do caso.  Foi cassado em 2005 pelo plenário da Câmara dos Deputados.

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Presidente da Fundação Palmares chama movimento negro de ‘escória maldita’

Em áudios de uma reunião fechada obtidos pelo Estadão, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, classificou o movimento negro como uma “escória maldita” que abriga “vagabundos”.

Na conversa, Camargo afirmou também que Zumbi dos Palmares era um “filho da puta que escravizava pretos” e que ele não tem que “apoiar agenda da consciência negra”.

Em nota divulgada à noite, Camargo lamentou a “gravação ilegal de uma reunião interna e privada” e disse que o “novo modelo de comando” da fundação está voltado para a população, e não apenas para grupos que se “autointitulam representantes de toda a população negra”.

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Cavalo montado por Bolsonaro pede demissão da polícia

“Esse peso eu não carrego nas costas”, disse o cavalo Amuleto, depois de pedir demissão da polícia militar do Distrito Federal na manhã de hoje. “Ele sai cagando pela rua e põe a culpa em mim”, disse o cavalo sobre o animal que carregava.

Amuleto foi usado por Bolsonaro para tocar seu gado na tarde de ontem, mais uma vez desrespeitando as regras de isolamento social. Ao mesmo tempo, Bolsonaro e sua claque se afastam cada vez mais da sociedade: 70% dos brasileiros não aprovam suas ações. “Sou cavalo mas não sou burro”, disse Amuleto.

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Wizard da cloroquina

Entusiasta da cloroquina, bilionário Carlos Wizard assume cargo na Saúde

Considerado um defensor do uso da cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19, o empresário Carlos Wizard, fundador da rede de escolas de inglês Wizard, vai assumir o comando da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.

Ele já confirmou que aceitou o convite feito pelo ministro interino, general Eduardo Pazuello — com quem trabalhou na Operação Acolhida, que atendia os venezuelanos que cruzavam a fronteira com o Brasil.

A secretaria que Wizard vai assumir é estratégica, pois coordena parcerias com o setor privado para a fabricação de medicamentos e outros insumos. O órgão também analisa pesquisas sobre medicamentos utilizados no tratamento da Covid-19.

“Existe muita questão ideológica da cloroquina, mas não muda o fato de que usamos esses medicamentos há 70 anos. Não vai matar a pessoa”, afirmou Wizard à CNN. “Eu tenho um filho, Charles Martins, que passou dois anos na África e tomava a cloroquina toda semana. Teve algum dano ou prejuízo? Pelo contrário, tem uma mente brilhante e uma cabeça iluminada.”

Ele disse ainda:

“Não gosto de falar apenas de cloroquina e hidroxicloroquina, pois são vários medicamentos para o tratamento precoce. Existem outros componentes, mas eles fazem parte da composição. O mais importante é que estamos trabalhando muito mais preventivamente e precocemente. A pessoa voltará para casa e também vamos tratar o entorno dele. Se o cidadão é casado e tem filhos, vamos dar tratamento para todos.”

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Quem com ferro fere…

JÁ IA LONGE a passividade dos lúcidos e equilibrados diante da loucura bolsonara das fake news, das ameaças às instituições, das injúrias e calúnias contra gente limpa, tudo culminando com a marcha de domingo à noite contra o STF, em que os desvairados carregavam archotes, como a Ku Klux Klan, a organização racista dos EUA.

O Supremo acordou, ainda que nas vozes esparsas de dois juízes, um deles, Celso Mello, a entoar um improvável canto de cisne, acossando a insânia do presidente da República ao requisitar o vídeo da reunião em que os ministros agiram sem o bridão da compostura e da língua culta. Melhor não se animar com o STF, que juízes surprendem para pior.

O presidente da República tanto atiçou suas milícias que a resposta começa a surgir. (Um parêntese: é a primeira vez na história republicana que um presidente abona milícias criadas por filhos e apoiadores contra o restante do país que discorda de sua política). Quem alimenta jumentos colhe patadas. E elas começaram.

Em menos de uma semana ocorreram enfrentamentos de rua em São Paulo. Em Curitiba, protestos nada amigáveis no Centro Cívico, um sutil recado ao governador, que faz de conta ser neutro face à loucura do presidente a quem apoia. Agora surge o anonymous, equivalente local do grupo internacional que já inspirou filme contra regime totalitário.

Se as milícias, os políticos que operam no limiar da criminalidade e o gabinete do ódio ofendem e denigrem, a resposta vem na altura: o anonymous divulgou dados pessoais dos chefes de células e agentes bolsonaros. Quanto atacada com golpes baixos, a democracia acaba por revidar no nível. É correto? Que o diga pariu os filhos e o ódio.

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Mural da História

este-carli-filho-cesta-básica-231 de maio|2009

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O que vai em volta do golpe que dizem que Bolsonaro quer dar

O vozerio sobre golpe corre pelas redes sociais, como de hábito sem nenhuma fonte ou fundamento mais sólido que esclareça o que de fato está acontecendo. Podem ser observadas ações que dão a impressão de terem sido combinadas, como a manifestação em frente ao QG do Exército, em Brasília, que evidentemente contou com Jair Bolsonaro na exaltação dos ânimos e quase com certeza na organização da baderna antidemocrática e constrangedoras para seus ex-colegas de caserna — de onde, por sinal, ele foi expelido quando era capitão.

Em conjunto com essas manobras teve a nota oficial de Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, além de general da reserva, com um ataque a um pedido de apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro. A nota foi depois compartilhada pelo presidente e é óbvio que Bolsonaro não a viu de surpresa na internet. O pedido foi um simples encaminhamento feito pelo ministro Celso de Mello para a Procuradoria-Geral da República, a quem cabe a decisão.

O procedimento de Celso de Mello parte de uma “notícia-crime” que pode ser apresentada por qualquer cidadão ao STF. Neste caso, foram parlamentares do PDT, PSB e PV que pediram, entre outras coisas, a apreensão do celular do presidente. Ressalte-se aqui que é uma denúncia, nada mais, cabendo ao procurador-geral Augusto Aras analisar os pedidos dos deputados, abrindo ou não nova investigação no STF.

Aras já deixou claro que não é da competência de deputados propor diligências, no que concordo com ele, além de que os deputados também sabem disso. O que temos aqui é a esquerda se aproveitando de circunstâncias, mas cegos, neste caso, sobre o quanto é perigoso este momento do país.

Mas tudo isso que eu disse é do pleno conhecimento do ministro Augusto Heleno. Então, faltando sentido à nota quanto ao assunto tratado, o ministro só pode estar emitindo sinais com outro objetivo. Qual é então sua intenção real? Bem, ficamos todos emaranhados em uma porção de suposições, entre as quais misturam-se fatos reais, interpretações totalmente sem sentido, que vão gerando uma confusão dos diabos, com um clima excelente para profissionais da manipulação política, da desinformação e da criação de fake news.

O maior problema da atual instabilidade brasileira é que os desencontros acontecem sem que se saiba de fato o que cria tanta desunião. Pode ser inclusive uma medida de praxe, como a denúncia encaminhada por Mello para Aras, que nem engavetada seria.

O pedido é tão idiota que seu lugar é no lixo. Em outros tempos lá ficaria, mas não agora, com as informações caindo todo tempo na nossa frente. Esta é uma das complicações brasileiras mais sérias na era digital, pela falta de regras sociais — tradicionais e de comum acordo — que obriguem a uma responsabilidade coletiva que não dependa nem de leis. É tamanha a zorra que o golpe militar pode ser deflagrado até pelas tias do WhatsApp.

Ou pode até ser que o golpe do qual se fala demais nesses dias venha pelo Twitter. O que eu sei é que a alimentação da instabilidade no país pode ser estimulada por jornalistas, às vezes em um simples artigo, na tuitada ou mensagens de autoridades ou em longas entrevistas que acabam sendo recortadas e repassadas pelas redes sociais em trechos mais provocadores. É mais ou menos como aquele ódio que você sente de um post de um amigo ou parente, com a ressalva importante de que você não é um oficial da ativa.

Apenas como exemplo, para citar um desses lançamentos de gasolina ao fogaréu, na maioria das vezes sem intenção negativa, no domingo tivemos o vazamento de uma mensagem enviada na madrugada por Celso de Mello aos seus colegas ministros do STF, onde ele praticamente afirma que o golpe está em andamento. O ministro compara a situação até com a ascensão de Hitler, nos anos 30 na Alemanha, exagero que no nível das relações históricas o coloca emparelhado ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, que relacionou com as violências nazistas do episódio da “Noite dos cristais” as visitas plenamentes legais da Polícia Federal às casas de bolsonaristas, em busca de provas do inquérito do STF.

Outra aplicação inábil da palavra foi de Fernando Gabeira, logo ele que eu achava que até agora estava indo bem como jornalista. Gabeira publicou um artigo em O Globo que mais parece um manifesto, onde mais que confusão de linguagem ele incorre em confusão de propósitos. Pelo que ele diz, o golpe já está quase dado. Mas estamos salvos, a não ser que eu esteja errado quanto à penetração de O Globo e, claro, do alcance dos geralmente bons artigos de Gabeira. No artigo/manifesto, ele dá até instruções sobre a resistência ao “golpe de Estado”.

No alerta para o que ele define como o que “talvez seja a última grande luta da minha vida”, Gabeira propõe inclusive táticas para a resistência no plano internacional. Ele fala em “organizar núcleos de apoio na sociedade europeia e americana”, só não deixa claro se vão ser utilizados os esquemas internacionais do PT, que o partido do Lula usou para atacar instituições e desacreditar leis democráticas do nosso país, atuando de forma agressiva para a desestabilização política, da qual Bolsonaro tirou proveito para ser eleger. Bem, não vão poder vaiar pacíficos palestrantes na Europa, porque golpista não é pacífico nem dá palestra.

De modo algum estou relacionando Gabeira a esses descalabros irresponsáveis recentes da esquerda. Só procuro situar melhor as responsabilidades por esta crise, em grande parte devidas a um partido que conturbou o país, tentando impor o discurso do descumprimento das leis, na tentativa de evitar que seu chefão fosse pra cadeia. Também cabe a quem já tem certa idade compreender que a proposta de certos enfrentamentos pode na verdade servir mais para estimular a aceleração do problema que supostamente deve ser enfrentado.

Mas, voltando às devidas responsabilidades, a forma que Bolsonaro vem agindo agora para evitar ser incriminado e proteger seus filhos é mais ou menos a mesma coisa que o PT andou fazendo nos últimos tempos, com aquele papo do Lula livre. Claro que Bolsonaro já fez mais do que o suficiente para ser cassado, mas a verdade é que os espaços para a impunidade do seu desrespeito institucional e a agressão às leis foram abertos pelos petistas, com a complacência de grande parte de jornalistas, da classe política e com a cumplicidade de toda a esquerda.

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