O jornal de Olavo de Carvalho na internet

Olavo de Carvalho anuncia em um vídeo que corre pelas redes sociais um “jornal eletrônico” chamado Brasil sem medo. Já está sendo chamado de jornal do Olavo, o que não é bom e não digo isso fazendo nenhum juízo de valor sobre a figura, mas é que esse personalismo vai com certeza restringir o chamado público-alvo. As aspas em “jornal eletrônico” eu coloco como prevenção a um hábito desses tempos digitais, que é o de dar definições absolutamente incorretas aos veículos de comunicação produzidos hoje em dia na enganosa facilidade dos computadores.

Quase todas as páginas de grupos políticos na internet se auto-intitulam como “site” ou “jornal eletrônico”, porém não passam de blogs, sendo também a maioria deles muito malfeitos. E estou falando apenas do aspecto técnico. Em matéria de comunicação, não sei de nenhum que seja mais que mera exaltação de uma facção política e de ataques aos adversários e a qualquer um que pense diferente. De esquerda ou de direita, são ilegíveis. E não acredito que tenham serventia como informação nem para o lado que defendem.

Qualquer coisa referendada por Olavo de Carvalho traz essa marca de um pensamento fechado. E digo isso pelas referências do que ele próprio tem apresentado ultimamente, com visão de tal forma autocentrada que não admite uma mínima discussão de ideias. Se Olavo tem algum sistema filosófico, só pode ser o do “pense como digo ou cale sua boca”. Obrigatoriamente, tal sistema tem que ser seguido por todos que o cercam, sob o risco de expulsão e pressões extremas dos que se mantém com claque do professor, sendo exigida esta norma mesmo nas atividades práticas da vida política, como vimos durante este primeiro ano de conturbação olavista no governo de Jair Bolsonaro.

Vamos esperar para ver o que será o Brasil sem medo, embora eu não tenha esperança alguma de que seja de fato um “jornal eletrônico”. Para atender aos requisitos, este veículo teria de ter ampla cobertura política e exposição honesta da diversidade de opiniões sobre os acontecimentos. Este não é bem um sistema olavista, mas sim jornalístico.

Por enquanto, a página tem apenas uma imagem estática anunciando o lançamento no dia 19 deste mês. Eles se dizem “o maior jornal conservador do país”, o que vindo de um grupo olavista pode ser tomado até como piada involuntária, já que o mestre vive afirmando que a imprensa brasileira — chamada por seus discípulos de extrema-imprensa — é dominada por comunistas, também dizendo o tempo todo que em nosso país não existe imprensa conservadora. Ora, se é assim, então o Brasil sem medo não é “o maior jornal conservador do país”. Será o único.

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Perguntas para Gal

Tenho indagações relevantes a fazer ao robô que está circulando em Guarulhos

Começou a circular pelo aeroporto de Guarulhos um robô instalado pela Gol para responder a perguntas de passageiros de primeira viagem e que se sentem perdidos na barafunda dos balcões.

Gostei da ideia. Eu próprio, que vivo entrando e saindo de aviões –só na ponte aérea, já foram mais de mil voos desde 1978–, às vezes me atrapalho. O robô, pelo que vi numa revista de bordo, é uma engenhoca de plástico, com forma humanoide: “olhos” piscantes, bracinhos sarados e um pescoço calibre Delfim Netto. Desliza graciosamente sobre rodinhas, é do gênero feminino –seu nome é Gal– e, segundo seus programadores, está preparado para responder a até 50 perguntas. Mas, pela rapidez com que é capaz de “aprender”, esse número pode chegar ao infinito.

Bem, se Gal tem essa capacidade toda, não posso perder a chance de interrogá-la em minha próxima passagem por Guarulhos. Mas não sobre trivialidades como números de voos ou portões de embarque –para isso existem os painéis. Tenho indagações mais relevantes, que vivo submetendo aos especialistas e nenhum deles me esclarece. Eis algumas.

A primeira: “Deus existe?”. Não vale fazer como um computador dos anos 50, que, quando lhe mandaram essa pergunta, respondeu: “Agora existe”. Era um computador primitivo, que ainda funcionava com cartões e movido a válvula. Mas já se achava tão avançado que se enxergava como Deus. Pois o que quero saber é se Ele, o Próprio, o Dito Cujo, existe mesmo –coisa que talvez só um robô de última geração como Gal possa responder.

Outras perguntas seriam: “Qual é o terceiro milagre de Fátima?”; “Quanto estará o dólar no fim do ano?”; “O Flamengo será campeão mundial de clubes no Catar?”; “Onde está o tal do Queiroz?”; “Bolsonaro será impichado antes de soltar um decreto-lei nos obrigando a usar a cueca por cima das calças?”. Etc. etc.

Se a Gal não souber responder, não tem importância. Eu amo igual.

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Sabe o que é?

bolinha-sabão© Furnaius Rufus

Veja bem. Eu adoro quando alguém começa uma conversa dizendo veja bem. É límpido, claro como água: vai vir enrolação. Conversa de vendedor de carro velho, imóvel à beira da desapropriação: – Veja bem… Mas não vou enrolar você. Vou explicar. Ser claro. Note que o veja bem que enrola tem reticências. O meu não tem. Você merece o cuidado. Mas sabe o que é? Já disse isso, não disse? Pois é, disse no título. Veja bem. Ah, de novo? Não, não de novo. Tá bom, é o seguinte.

Quase cinquenta anos juntando coisas. Pior, quase cinquenta anos juntando coisas com muito afinco. Muito afinco. Outro dia, olhei em volta e vi: um apartamento de quase cem metros quadrados (dois para cada ano, é verdade, mas isso não faz nenhuma diferença, não é disso que vou falar)… me perdi. Onde eu estava? Ah: quase cinquenta anos juntando coisas, e comecei a achar que as coisas estavam tendo mais importância que eu. Sim, porque se a coisa ocupa um espaço que eu queria livre, me diga, sim, você: me diga quem manda? A coisa ou o dono da coisa? Pois então, comecei a jogar tudo fora. Quem manda sou eu. Comecei a jogar tudo fora, não como as pessoas normais fariam (pela janela, aos berros), mas como homem cordato e levemente maluco que sou. Pois então, fui jogando tudo fora. Aos poucos. Livros inúteis. Caixas inúteis. Roupas inúteis. Tralha inútil. Percebeu que eu fiz uma lista e não disse enfim? Eu odeio quando vejo um enfim no fim de uma lista. Coisa irritante. Enfim é o caralho. Mas voltemos ao assunto. Joguei fora também uma mapoteca. Sabe o que é uma mapoteca? É grande. Procure no google. Achou? A minha era maior. Pois então. Rua. Discos também. Tudo pro sebo. Um real cada um. Mais de trezentos. Haja disco. Haja saco pra tanto disco. Mais de trezentos. Ainda tem mais de cem aqui, esperando as costas pararem de doer pra eu levar mais uma remessa pro sebo. Sim, são LPs. Pesam. Muito. Ficaram alguns. Fui separando os que não quis passar pra frente por algum motivo. Sobraram uns Beatles, uns Jethro Tull, uns Pink Floyd, uns Led Zeppelin, uns Queen, um Deep Purple. Só um. Fiz mais uma lista sem enfim. Reparou? Quanto aos discos que ficaram, só percebi depois, todos ingleses. Sei não, mas tudo indica que prefiro rock inglês. Foi-se a tralha velha, começou a sobrar espaço pras coisas novas: comecei a estudar música.

Na verdade, recomecei, se considerarmos que eu tinha parado há 25 anos. Teoria e instrumento. Teoria é chata mas faz bem. A vida está cheia de coisas assim. Teoria, passo horas cantarolando tá-tá-tá batendo a mão na coxa. Deprimente. Depois, digitação. Mas não é uma flauta doce. É um contrabaixo. Digitar um contrabaixo elétrico dói. Doem os dedos, cotovelos e um ombro. Não me lembro qual. Mas dói. Estranhamente, é bom. Além disso, resolvi fazer um regime. Cem quilos é foda. Já pesei 113 mas, hoje, cem é muito. Rumo aos noventa. Dia desses, ainda paro de fumar. Fazer ginástica? Veja bem… Além disso tudo, ainda ando assistindo a um filme por dia. Torrent, sabe? Pois então. E ainda tenho uns quarenta pra assistir, já baixados.

Então, viu só? Arrumando a casa, me livrando do lixo, estudando música, assistindo filmes. Escrever? Pois é, faz falta. O blog? Não, o blog não faz. Mas eu estou aqui. Bem. Apesar da dor nas costas. E não reclame. Escrevi alguma coisa, não escrevi?

Branco Leone

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Inflação da carne

Alta de preços começa na China, penaliza consumidor e favorece exporta

O rápido aumento do preço da carne no Brasil nas últimas semanas surpreendeu os consumidores, a destoar do ambiente geral de inflação baixa que vigora no país.

Longe de configurar um problema meramente doméstico, a escalada, que já se espalha por todo o complexo de proteína animal, decorre em especial da disparada das importações chinesas.

Em novembro, o preço da arroba do boi gordo atingiu a máxima histórica de R$ 228,80, com alta de 34% no mês. Com isso, a inflação da carne no varejo chegou a 8%, tornando-se o principal fator de elevação do IPCA, que serve de referência para as metas do Banco Central e chegou a 0,51% no período.

O motivo foi a rápida disseminação da gripe suína na China, que desde outubro de 2018 dizimou 40% do rebanho do país —que responde por quase a metade da produção mundial. Em poucos meses, portanto, cerca de um quinto da oferta global desapareceu.

No gigante asiático, o preço do quilo da carne de porco, item essencial na dieta local, subiu quase 300% neste ano e elevou a inflação para 3,8% nos 12 meses encerrados em outubro. O impacto da gripe foi particularmente danoso porque a cadeia produtiva ali é primitiva, conduzida em domicílios, sem profissionalização.

No curto prazo, o impacto para o restante do mundo é a escalada do custo de proteínas conforme cresce a demanda do mercado chinês em todas as cadeias que possam substituir a carne suína.

Daí a alta nas cotações de bovinos, frango e até peixes, que deve se manter pelo menos até o ano que vem, uma vez que a recuperação dos rebanhos se dá de modo lento.

Apresenta-se, assim, uma promissora oportunidade para as exportações brasileiras, que provavelmente continuarão a aumentar. Também ficam elevados, nesse contexto, os preços internos de proteína animal —o lado negativo para o consumidor brasileiro.

A médio prazo, talvez em dois anos, a oferta pode se normalizar com a recomposição da produção chinesa e maior uso de tecnologia.

O encarecimento, ainda que doloroso, será temporário. Trata-se de um choque de oferta num setor específico, que não deve se espalhar pela inflação mais ampla.

Ao contrário, o menor poder de consumo das famílias reforça tendência deflacionária para o restante da economia. Assim, o cenário de juros baixos esperado nos próximos meses não tende a se alterar.

editoriais@grupofolha.com.br

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HOJE NO SITE da RPC, com vídeo e manchete, a notícia importante: o motorista que bateu o Camaro contra um muro, na estrada do Ganchinho. Qual a novidade? Nenhuma, todo dia tem carro batendo contra muros, postes, árvores, caminhões, outros carros, até contra gente. Por que tamanho destaque?

PORQUE é o carro de luxo que atrai o destaque e a chamada específica: o Porsche, o Camaro, o Mustang, o Mercedes. Quando o acidente envolve carro popular ou carro sem o atributo “de luxo”, o jornalista ignora a marca nem sugere um mínimo de empatia pela perda, eventualmente do instrumento de trabalho ou do sonhado veículo da família remediada.

DESTRUIR O CARRO de luxo impacta o imaginário do jornalista, que acusa a perda, seja para lamentar, seja para celebrar: “uma pena destruir aquela beleza” ou “bem feito para o burguês exibicionista”. O que diria o motorista, dono do carro de luxo destruído? Diria “cabeça de pobre, tenho mais na garagem”. Ou “o seguro paga perda total”.

CÉLIO HEITOR GUIMARÃES com certeza lembra Baby Pignatari, playboy e conquistador paulista. Vivia montado em motos Harley e Cadillacs, no Brasil e na Europa, sempre com mulheres lindas e famosas. Em Paris, quando bateu o Cadillac contra um muro, não se apertou: mandou vir de casa, na hora, um outro Cadillac. Baby morreu falido, mas se divertiu.

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Ele

© Jan Saudek

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© Hendrick Kernstens

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Todo dia é dia

Amy Winehouse|Adegão. © GrosbyGroup

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Flagrantes da vida real

Ranieri Gonzalez,  o homem, o mito. © Maringas Maciel

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Que país é este?

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Zé da Silva

Minha cueca amarela sumiu. Acho que um dos encostos gostou e levou. Um dia pensei nisso por uns trinta segundos. Mais seria dar poder à coisa. Ele deve estar desfilando por aí, querendo encostar em outro, porque sabe que aqui não, violão.

Sou sambado na vida e durante o tempo em que achei que era povoado por este tipo – que é de gente viva e crava os olhos na nossa nuca, aprendi que, se você deixar, ah!, vai para o buraco enquanto eles fazem festa. Não vesti uma camisa listrada, mas tomei muita parati e quase comi farinha misturada com pó de vidro e sal de fruta para ver se me livrava.

O peso só aumentou. Mas isso começou a mudar no dia que ouvi junco verde dizer que flutuaria sobre os espinhos. Foi o que aconteceu! Mas não fiquei esperando, fiz o que tinha de fazer. A cueca nunca apareceu. Ouço gente falar dos próprios encostos e conto mais ou menos essa história, mesmo porque, acho, a gente é o principal encosto da gente mesmo – e claro que tem muito espírito de porco querendo se encostar. Por quê? Ora, a vidinha que levam é uma merda e não podem ver quem tem luz própria.

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Mural da História

mexendo-na-poupança

14 de maio de 2009

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professor thimpor o autêntico

Morro, logo, existo.

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