Moro força a barra – O juiz Sérgio Moro distribui nota justificando aos juízes federais sua saída da magistratura para entrar no governo Bolsonaro. A nota vale pelo extrínseco, sua mera existência, não pelo intrínseco, seu conteúdo. Importa o fato de o juiz ter sentido a necessidade de emiti-la. Só isso mostra o mau estar causado na classe pela atitude – o descrédito que traz para os resultados da operação Lava Jato e o que esta representou.

Quanto ao conteúdo, a nota é pífia, indigente e inconsistente nas premissas. 1) No ministério o juiz estará melhor capacitado e aparelhado para combater a corrupção. Primeiro, um novo messianismo, quem sabe haurido de Lula ou do novo Messias, o de ser o homem providencial, único capacitado para a missão. Se o juiz acredita nisso, é caso clínico, como de resto o dos outros messias.

2) Moro se diz inspirado pelo juiz Giovanni Falcone, da Itália, que deixou a judicatura para trabalhar no ministério da Justiça. O juiz Moro faz ridículo ao professor Moro, que leciona direito processual penal na UFPR. No sistema da Itália, Falcone era juiz de instrução, competente para a investigação, que trabalha com apoio da, e orientando a, polícia criminal no preparo do processo para julgamento. Juízes de instrução não julgam.

Juízes brasileiros, de outro sistema, não atuam na investigação e produção da prova. Eles julgam. O juiz Moro forçou a barra. ‘Forçar a barra’ é cacoete do magistrado da Lava Jato, dizem os petistas. Da nota do juiz Sérgio Moro se extrai que (1) não era necessária e (2) foi pobre, até ridícula, na argumentação. Parece coisa de criança que faz peraltice e inventa explicação sem pé-nem-cabeça para escapar das palmadas da mãe.

Sérgio Moro joga ao lixo seu papel histórico em troca do enganador prato de lentilhas oferecido por Jair Bolsonaro, cujas ideias – se é que assim podemos chamá-las – nem de longe estão daquilo que tínhamos como seus valores, profissionais e cívicos como magistrado. Hoje se compara a Giovanni Falcone. Não, seu modelo é outro: Wilson Witzel, o ex-juiz federal eleito governador do Rio, que propõe snipers contra o crime.

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Sebos no meu caminho

Em todas as cidades que visito, saio em busca dos sebos de livros, que, às vezes, vêm até mim.

Já escrevi isto aqui. Em todas as cidades que visito, a trabalho ou por prazer, saio em busca dos sebos de livros. Às vezes, não preciso procurar —segundo Heloisa Seixas, eles é que surgem no meu caminho, como se mudassem de rua para me encontrar. Ou, então, é o cheiro das velhas encadernações que parece me atrair e guiar. O fato é que conheço sebos em São Paulo, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Belo Horizonte, cidades a que me convidam com mais frequência.

Em Belo Horizonte, há cinco anos, descobri um sebo no famoso Edifício Malleta. Não no 1º andar, onde há pelo menos dez sebos e é impossível perdê-los. Mas no 6º andar, em meio a dezenas de salas de escritórios caretas. A plaquinha na porta dizia: Assumpção Livreiros. Era bem ao meu gosto: bagunçado, quase um depósito e, certamente, com várias gerações de ácaros. Seu proprietário, professor Renato —“Nada de professor. Apenas Renato”, ele corrigiu—, era um homem magrinho, pequenino, acima de oitenta e, sem dúvida, íntimo de cada um daqueles milhares de livros.

Nas vezes em que estive lá, à procura dos títulos mais díspares, sempre anteriores a 1930, ele conhecia muitos, possuía alguns, falava-me de outros de que eu não sabia e me instruía sobre onde encontrá-los. Era um professor. Para mim, virou cláusula pétrea: sempre que em Belo Horizonte, ia visitar professor Renato. Fiz isso de novo há algumas semanas. Mas, desta vez, não o encontrei. Morrera havia poucos dias, atropelado.

Na verdade, não o conheci direito. Não sei se tinha saúde, se era feliz e se o sebo era um hobby ou um meio de vida. Só sei que, tanto quanto a pessoa, lamento a perda do que havia em sua cabeça —décadas de convívio com os livros e com o conhecimento.

Imagino que, pelo Brasil, morra todo dia alguém como professor Renato. E temo que não esteja havendo reposições suficientes.

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O otimismo de Ratinho e a realidade

O alegre governador eleito, Ratinho Jr, tem dois encontros marcados: o primeiro, com governadora Cida Borghetti amanhã, para tratar da transição e tudo deve ficar dentro da normalidade.

O segundo será, depois da posse, no dia 02 de Janeiro quando abrir a chave do cofre e se deparar com algumas moedinhas deixadas lá no fundo. A receita, ou seja, o dinheiro para sustentar o Estado, permanece o mesmo de 2014 e Ratinho Jr terá que se virar nos 30 pra empatar as contas.

Com dados do Confaz – Conselho Nacional de Política Fazendária e consultorias independentes, a Folha de São Paulo mostra que os novos governadores tem uma dura tarefa pela frente e o Paraná, apesar de não figurar na lista dos inadimplentes, também não nada em dinheiro, muito pelo contrário. Depois da campanha otimista que fez, sugerindo obras estruturais, escolas por todo o Estado e saúde de primeira linha, Ratinho Jr depende do Governo Federal, da reforma Tributária, do crescimento da economia, da produção agropecuária e de centenas de outras variáveis para garantir o pagamento em dia do funcionalismo e a manutenção básica da máquina pública.

É chegada a hora da onça beber água. Muita água.

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Muda, Brasil!

Mingau quente se come pelas beiradas e o capitão Jair Messias Bolsonaro, que chegou ao topo do poder com 63 anos de idade, sabe muito bem disso ! (o que deve ter aprendido das malandragens da política em seus quase 30 anos de vida parlamentar não foi pouco)

A 1º de janeiro assumirá a presidência da República consciente do tiroteio que vai enfrentar. Já deve saber identificar todas as velhas e novas trincheiras de onde,  mal conhecido o resultado das urnas,  começaram a disparar  suas metralhadoras contra ele de modo implacável.

A briga promete ser boa ! Bolsonaro revela grande habilidade política: já antes do pleito, desarmou a armadilha que o senador eleito de seu partido, o Major Olímpio, pretendeu armar contra ele no mais influente estado da Federação, São Paulo.

Olímpio pretendeu levá-lo a apoiar o braço petista ao governo do estado, Márcio França. Bolsonaro resistiu e ajudou a eleger João Dória, ganhando assim um aliado de peso na política e na economia! Dória é também um liberal, afinado com Paulo Guedes!

Entre as poucas trincheiras já armadas para combater o novo governo, a mais insidiosa é aquela que reúne a turma do voto nulo, voto em branco, do ele não/ele nunca que  demonstra disposição para seguir em frente abraçadinha com esquerdóides e esquerdopatas no bom combate ao presidente “torturador”, “estuprador”, “homofóbico”.

MAIS QUE UMA TROCA  DE GOVERNO

É espantoso observar que ainda não entenderam, provavelmente por mero atavismo, o que de fato aconteceu neste 28 de outubro de 2018. Imaginam que foi uma simples troca de governo, quando na verdade foi muito mais que isto!

Tanto o mercado financeiro quanto o setor empresarial entenderam de bate pronto, tanto que a Bovespa, em SP, já bateu o recorde dos recordes de altas e as empresas não param de anunciar novos – e vigorosos – investimentos. O mais recente anúncio foi da Siemens: quatro bilhões em cinco anos ….

Outro que com certeza entendeu foi o Juiz Sérgio Moro, que não hesitou um só instante em aceitar o convite de JB para ocupar um super-ministério de combate à corrupção, abandonando imediatamente uma já longa carreira vitalícia na magistratura.

Não iria perder a chance de ouro que lhe foi aberta para ajudar no esforço de combate à corrupção e ao crime organizado !

FATO INÉDITO

Na verdade, nada menos de  57.797.464 de brasileiros decidiram, neste histórico 28 de outubro de 2018, tirar da frente o socialismo corrupto e a sócio-democracia idem e colocar em seu lugar o liberalismo econômico.

E é espantoso que tenhamos alcançado essa proeza, inédita na vida republicana, pela via eleitoral e pacífica, ao  preço de apenas uma facada…

O liberalismo econômico só foi implantado no Chile em 1973 ao custo de um golpe militar violentíssimo que iria matar seguramente mais de 100 mil pessoas.

E vejam como são as coisas: até hoje, no Chile, os economistas e lideranças políticas admitem, constrangidas, que a proeminência socioeconômica  que o país tem alcançado  nesses quase 50 anos que o separam de Pinochet ainda é devida àquela adesão de quase duas  décadas ao liberalismo da escola de Chicago.

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Mural da História

16 de outubro, 2010.

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Tchans!

© AnsexLuc

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Digital e transal – Estudo de Harvard revela que a atividade digital prejudica a atividade sexual. Bom era antigamente, quando a atividade sexual começava pela atividade digital.

A pastinha do capitão – O Capitão foi ao barbeiro, ontem, para cortar o cabelo. Ele não frequenta cabeleireiro, de clientela unissex, reduto de boiolas. Corte tradicional, o de décadas, com a pastinha*. O corte lembra alguém do passado, um ferrabrás salvador da Europa. (*Penteado em que uma porção de cabelo cai sobre a testa ou na lateral do rosto).

Tiempos revueltos – Renan Calheiros cacifa-se para presidir o Senado novamente. A redenção de Corisco. Seria o herói da resistência ao Messias e seu profeta, o mouro do Ahú.

Árbitro, só o que ajuda – Hoje tem futebol europeu, o único que merece ser visto. Se no Brasil tem, nem conferi. Faltam arte e graça. Queira o pai do messias que não se apresente a seleção bozonárica, onde o time A joga contra o time B, um e outro disputando quem fica fora do banco de reservas.

O time não é um time, são dois, do mesmo clube. Técnicos, são sete, os dois oficiais e os auxiliares, filhos do capitão, mais o próprio e o general que treina para presidir o clube. Os times não se acham em campo, culpa do capitão, ruim na estratégia, péssimo na tática.

Lá do meio de campo ele manda o povo avançar até o gol e quando os atacantes – são 22, os goleiros também saem – chegam na área, depois de driblar todos os zagueiros – perdão todos são zagueiros e atacantes -, o capitão recolhe os times para rearmá-los no meio do campo.

O problema: o capitão só sabe rearmar. Não segue regras, orienta passes, marcação, assistência. Abomina o fair play. Árbitro, só o que o ajuda. Se futebol se passa em campo há de ser batalha campal, jogado com coturnos – que chuteiras, agora até cor-de-rosa, são coisa de fresco.

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O presidenciável

Ao aceitar o Ministério da Justiça, o juiz Sérgio Moro se torna candidato ao Planalto

No momento em que aceitou o convite para assumir o Ministério da Justiça, o juiz Sérgio Moro credenciou-se para se candidatar à sucessão do próprio chefe, caso prospere a ideia de Jair Bolsonaro de acabar com a reeleição. Ou até para concorrer com Bolsonaro, se a reeleição for mantida e o capitão reformado do Exército se sentir tentado a buscar um outro mandato.

Esse será o caminho de Moro. Por mais que ele e Bolsonaro digam que o cargo de ministro serve para que o governo central assuma o combate à corrupção e ao crime organizado, e que, depois, o juiz de Curitiba será nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) quando uma vaga surgir, o fato é que, hoje, Moro está credenciado a disputar a próxima eleição para a Presidência da República.

A nomeação de Sérgio Moro para um superministério da Justiça a ser criado é também o pagamento de uma promessa de campanha feita por Bolsonaro ao eleitor que o elegeu, um eleitor que parece dar mais importância ao combate à corrupção do que às questões econômicas. Não que o nome do juiz estivesse vinculado à promessa. Mas, ao nomeá-lo, a identificação de uma coisa com a outra foi imediata. O eleitor talvez não tenha votado em Bolsonaro porque ele gosta de Bolsonaro. Ele votou no capitão porque este assumiu um discurso anti-PT e anticorrupção, e se propôs a ser aquele que virá demolir tudo para que algo novo nasça. Essa é a visão que uma boa parte do eleitorado vencedor tem daquele a quem deu o voto.

Alguém pode discordar de tudo isso. E certamente muitos vão discordar. O fato é que Bolsonaro venceu a eleição ao se opor ao PT, ao sistema político, aos esqueminhas e esquemões que costumam capturar governos e os tornam reféns do fisiologismo. Tanto é que, ao nomear Moro, Bolsonaro foi criticado por aliados e opositores, pois ele pôs no jogo político um nome que tem tudo para construir uma carreira política a partir de agora. O eleitor vibrou, ao contrário do status quo político, que aguarda a hora de botar a faca no pescoço de Bolsonaro em nome da governabilidade.

Quanto a Moro, mesmo que ele venha a dizer que não quer se tornar um político, como disse em 2016, numa entrevista ao Estado, ao aceitar o convite para o Ministério da Justiça ele se tornou político. Porque o cargo é político. Porque Moro tem vocação política. Na entrevista ao Estado, Moro chegou a dizer que jamais seria político. Estava enganado. Sua carreira de êxito na magistratura foi pontuada por atos políticos. Quando, em 2016, atropelando o relógio, divulgou o conteúdo de conversas entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, à véspera do impeachment, ele tomou uma decisão política. Por ela foi advertido. Se não tivesse divulgado o teor do grampo, que mostrava as manobras para dar foro privilegiado a Lula e livrá-lo de uma ordem de prisão, Dilma talvez não tivesse sofrido o processo de impeachment. Foi um gesto tão político que mudou a História.

Quando o juiz autorizou o acesso público a parte do conteúdo da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, a uma semana do primeiro turno da eleição de 2018, Moro tomou uma decisão política, mesmo que no limite do que orienta a Lei Orgânica da Magistratura.

Moro sabe que, ao aceitar o convite para o Ministério da Justiça, ele deixa de ser o juiz de Curitiba reconhecido mundialmente pelo combate à corrupção e ao crime organizado. Passa a ser um superministro da Justiça com uma missão complexa. Se tudo der certo, e sua passagem pela Justiça resolver questões relacionadas à corrupção e ao crime organizado, será empurrado para o próximo passo, o de tentar ser o presidente da República do combate à corrupção e ao crime organizado. João Domingos|Estadão

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Da série “Eu não sou Petista!”

A onda “Direita Volver” está jogando no mesmo saco do petismo militante todo brasileiro que exerça o mínimo senso crítico sobre qualquer ato, fato, nomeação, pronunciamento ou declaração do grupo que cerca o presidente eleito, Jair Bolsonaro. É um comportamento padrão que veio para ficar. E a reação já virou um mantra, quase um grito de guerra, ou de defesa, que ecoa no Brasil inteiro “Eu não sou petista!”.

Reunimos aqui, com certo cuidado, um pequeno glossário para esclarecer aos novos donos do poder que nem todo brasileiro é petista, assim como, na música de Maria Rita, nem toda brasileira é bunda. Trata-se de exercer o direito de criticar e opinar, hábito que foi estabelecido desde os anos Collor no Brasil, e que em democracias ocidentais é parte do jogo político. E também de gostar, ou não gostar, de músicas, artistas, personagens políticas e celebridades que povoam a imaginação de todos nós.

Pois bem, ninguém pode ser chamado de petista quando:

1) Gosta do Chico Buarque, do Caetano, do Gil e da Mãe Menininha
2) Tem no grupo de amigos, um gay e outro que passou na universidade por cota
3) Foi fã da Marta Suplicy na juventude (dela)
4) É católico, admira o Papa Francisco e o casal Obama
5) Não gosta do Ciro Gomes e desdenha a Marina Silva
6) Lê, todos os dias, a “Folha de São Paulo”
7) Defende o meio ambiente, os índios, os animais e os povos da floresta
8) Ainda lembra, muito de vez em quando, do refrão “Lula lá”
9) Não faria campanha pra santificar o juiz Sérgio Moro
10) Não sabe se chama um General de “General” ou V. Excia
11) Virou réu em algum processo de corrupção. Ex: Beto Richa
12) Viajou de avião, pela primeira vez, no governo Lula e
13) Votou no capitão Bolsonaro tremendo. De medo

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Musas

esta-meu-tipo-inesquecível--amy-winehouseAmy Jade Winehouse – 1983|2011. © Reuters

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Deus acima de todos

É interesse das religiões que Deus seja mantido longe das engrenagens do Estado

“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” foi o lema da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), que ele continua utilizando em seus pronunciamentos pós-eleitorais. O “Deus acima de todos” me incomoda mais do que o “Brasil acima de tudo”, do qual já não gosto muito (nacionalismos têm se mostrado uma força mais destrutiva do que construtiva).

É evidente que, numa democracia como é o Brasil, as pessoas, incluindo o presidente eleito, têm o direito de professar a fé religiosa que preferirem, privada ou publicamente. Não me parece inteligente, porém, trazer Deus para a política. Ele até pode ser um bom cabo eleitoral, mas é do interesse das próprias religiões que seja mantido tão longe quanto possível das engrenagens do Estado.

Eleitor veste camisa com o lema da campanha de Jair Bolsonaro – Daniel Ramalho/AFP

O laicismo, afinal, embora seja do agrado de ateus e agnósticos, é um princípio que visa primordialmente a proteger as religiões. É só quando o Estado se mantém neutro em relação a todas as fés que os grupos minoritários podem estar seguros de que não sofrerão nenhum tipo de perseguição nem verão seus concorrentes sendo favorecidos pelas autoridades.

Outro problema de colocar o Criador na arena política é que fazê-lo pode estimular a radicalização. Com efeito, religiões operam amiúde com absolutos morais. Se as Escrituras dizem que o aborto e o homossexualismo são pecado, como podem simples mortais duvidar da palavra imutável de Deus? Assim, já nem haveria o que discutir num eventual projeto de lei sobre a matéria. Seguir a lógica espiritual acaba sendo a negação da política, compreendida como a construção de consensos através de negociações.

Esse aspecto mais absolutista da invocação a Deus está em linha com as declarações de cunho profano e pouco tolerante que Bolsonaro já deu sobre gays, negros, bandidos etc. É triste quando o que de melhor se espera de um presidente eleito é que suas afirmações e lemas não passem de palavras vazias.

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O que deve ser In e Out no governo Bolsonaro

Prepara, como diria a Anitta, que agora é a hora. Cada governo tem seu cabedal de manias, palavras, usos e costumes que marcam o período. E qualquer referência ao período anterior, por distração ou saudade, pode colocar tudo a perder. Portanto, é melhor começar a imaginar o que vem por aí no governo Jair Bolsonaro para não ficar fora de moda. Eis algumas dicas:

IN
1) Porte de arma e tiros
2) Fardas, botas e quepes – valem do Exército, Marinha e Aeronáutica
3) Deus acima de tudo. Com exceção dos Generais
4) Orar com as Igrejas Evangélicas
5) Posição de sentido
6) Lives, stories, watts, tuíters e facebooks
7) “Vamos cuidar disso aí”
8) Educação Moral e Cívica
9) Israel e Estados Unidos
10) Sul do País e Amazônia
11) Agronegócio
12) Bandas fardadas e hinos
13) Verde e amarelo
14) O número 17
15) Casamento e família

OUT
1) Camisetas com palavras de ordem
2) Acampamentos do MST
3) Padres progressistas
4) Caravanas pelo País
5) Jornais impressos
6) “Nunca antes na história deste País”
7) Aulas de orientação sexual
8) Cuba, Países Africanos e América do Sul
9) Nordeste
10) Agricultura familiar
11) Vermelho e estrela vermelha
12) O número 13
13) O mundo LGBT
14) Assembleias de sindicatos e sindicalistas
15) Cachaça

E por aí vai…

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Eleições 2018

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O mourão – O general Hamilton Mourão, presidente eleito, declara que a imprensa é fundamental. A coisa está preta quando Mourão se torna mourão.

Partners in crime – O ex-governador Beto Richa foi denunciado a partir das investigações da Operação Rádio Patrulha. Ele e uma dúzia de outros, entre parceiros e empreiteiros. Se for condenado, levará junto um secretariado inteiro. A Granja do Canguiri terá que ser reformada para abrigar a todos.

Com este sinal – Envergando fatiota de ministro, camisa sóbria e gravata discreta, o juiz Sérgio Moro voga para o Rio, ao encontro do presidente Bolsonaro. Visível para a imprensa seu livro de medidas contra a corrupção. Como Deus mostrou ao imperador romano, “com este sinal vencerás”.

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Ruy Castro dá curso sobre gêneros literários no Rio, e Frei Betto ensina escrita

© Marcus Leoni|FolhaPress

Em cinco encontros, aulas discutirão jornalismo, biografia, reconstituição histórica, ficção histórica e crônica

O escritor e colunista da Folha Ruy Castro irá ministrar um curso sobre gêneros literários a partir da próxima segunda (5) no IEL, no Rio (r. Marquês de Abrantes, 177, lojas 107 e 108, Flamengo).

Com cinco encontros, sempre às segundas-feiras, das 18h às 21h, as aulas discutirão o jornalismo, a biografia, a reconstituição histórica, a ficção histórica e a crônica. Cada um dos módulos custa R$ 250 —quem fizer duas aulas terá 10% de desconto; três ou

Já no dia 9 de novembro, das das 16h às 19h, Frei Betto fará uma oficina de escrita, com leituras e produção de textos. O encontro custa R$ 200. E o poeta e jornalista Cesar Garcia Lima, professor de literatura comparada da Uerj, dará o curso Somos Todos Clarice Lispector: Oficina de Leitura e Criação de Textos Curtos, nos dias 14, 21 e 28/11, das das 14h às 16h, no valor de R$ 300.

Interessados podem se inscrever pelo email iel@estacaodasletras.com.br ou pelo telefone (21) 3237-3947.

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