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O chato de plantão

DOMINGO ensolarado, bem cedo, céu límpido, trégua da chuvarada, friozinho, tudo convida à caminhada. Oito quilômetros no celular, maratona de sedentário. Tirando o caldo de cana calórico e açucaroso, lugar nenhum para espantar o cansaço, a sede e a fome. Aos trancos, divisa-se ao longe o costelão, oásis das carnes animais, aberto 24 horas. Vamos, ela de sorvete e água mineral, eu, de cerveja e linguiça. Não há mal bem que nunca acabe: ali aporta o chato de plantão, figura onipresente que varia o nome e preserva a inconveniência. Ele estaca diante da mesa com o óbvio irritante: “Você de linguiça, ela de sorvete?” Que dizer? Retruco com a apóstrofe atrevida: ‘É servido de morder o sorvete e chupar linguiça?’ Impassível, nem a mais leve sombra do sorriso amarelo, cumprida a missão existencial, o chato vai embora.

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Faça propaganda e não reclame. © Desencannes 2007

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Coisas do mundo, minha nega

Coloquei como descanso de tela no micro dois singelos versinhos meus: Se eu não escrevesse poesia/sua vida nada valeria. Pus pra rodar aleatoriamente sobre fundo azul. Só que, pra não dar muito na vista, assinei François Villon. Vira piada pra quem sabe quem foi o poeta francês cheio de histórias, que matou gente e que morreu muito novo.

Dia desses, eu estava fazendo alguma coisa fora do micro e apareceu a tela e os versos passando. Atrás de mim estava um cara da agência, olhando a tela. Ele leu e perguntou: “Por que ‘sua’ vida nada valeria? Por que não ‘minha’ vida nada valeria?” Ele completou: “Se eu não escrevesse poesia/‘minha’ vida nada valeria. Não acha?” Disse triunfante, peito estofado.

Eu, pra não entrar em detalhes terríveis diante do que ele havia dito, desconversei. Teria que explicar por que pus aqueles versinhos ali. Teria que explicar quem foi Villon. Teria que perguntar, descaradamente, o que ele achava que seria ‘correto’ e se a vida ‘dele’ valia alguma coisa. Dois simples versinhos poderiam fazer com que o cara não falasse mais comigo. Ficasse ‘de mal’. Pode?

Ele leu, pensou e achou que entendeu o que não entenderia nunca… porque logo depois não pensou mais nisso e se foi. “As coisas estão no mundo, só que é preciso aprender”, cantava Paulinho da Viola.

*Rui Werneck de Capistrano exumou esse texto pra tentar salvar os ossos

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Cuque

cuque-doisO sonho acabou. Mas ainda tem cuque”. Solda, década de 1970. Lee Swain 

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Elogio da bosta e outras polêmicas

Contra a imerecida fama de que Curitiba não comporta os inimigos do estabelecido, preferindo cultuar o tradicional e o status quo vigente, há exemplos de todo gênero. Paulo Leminski surgiu nos anos 1970 batendo forte na literatura que aqui se produzia – contrário aos “daltônicos”, em provocação clara a Dalton Trevisan, que passou por cima das provocações e seguiu escrevendo sem dar importância ao poeta rebelde. Ninguém saiu perdendo, posto que ambos mantêm seus leitores até hoje, 34 anos depois da morte do poleminski.

Muito antes disso, porém, a cidade conheceu autores que adoravam uma confusão literária. Ernesto de Oliveira, nascido na Lapa, pastor evangélico, fundador da Cadeira 23 da Academia Paranaense de Letras, jamais economizou energia para o debate. Alinhou-se aos maragatos na Revolução Federalista, com o que terminou asilado na Argentina. Engenheiro, poliglota, professor de agronomia, tradutor e conferencista, desenvolveu a lavoura da erva-mate, lançou campanha pelo reflorestamento do Paraná e meteu-se em polêmicas ferozes. Entre elas, uma com o Padre Leonel Franca, ideólogo da Igreja Católica, a quem mais tarde a Academia Brasileira de Letras outorgou o Prêmio Machado de Assis. Também bateu-se com o jurista italiano Enrico Ferri, confrontando o determinismo com o livre arbítrio que defendia.

Sua polêmica mais engraçada foi com um jornalista do Diário da Tarde, autor de artigo atacando Ernesto por ele haver usado a palavra bosta em palestra a agricultores do interior paranaense. O escritor comparou o jornalista a “asnos que zurram ao enxergar o feno” e defendeu a bosta como sendo o único termo aplicável ao entendimento de colonos estrangeiros para a composição de adubos. Seu texto teve como título “Elogio da Bosta”. Morreu em 9 de novembro de 1938, no Rio de Janeiro.

Outro admirável polemista foi Dicesar Plaisant, 1º ocupante da Cadeira 17 da APL. Curitibano, estudou no Colégio Militar no Rio de Janeiro e formou-se em Direito na Universidade do Paraná. Foi promotor de Justiça em Minas Gerais. De volta à cidade natal, ficou famoso pelos debates que protagonizava nos jornais, livros e conferências. Segundo o historiador Romário Martins, citado por Wilson Bóia no verbete que escreveu sobre Dicesar, ele unia cultura, talento e intrepidez. Mais que isso, o que assustava seus contendores era a virulência. Nos tempos do Estado Novo, sob a ditadura Vargas, era a voz contra o despotismo e a favor da liberdade de imprensa.

Panfletário, mas dono de enorme formação cultural, a expressava em conferências e nas mesas do bares que frequentava, boêmio que era. Ainda segundo Bóia, Plaisant foi definido por seu amigo Barros Cassal como “complicado, esdrúxulo, tumultuoso e esquisito”.

Mas o resumo da influência que exercia nos meios intelectuais paranaenses é da autoria do médico João Evangelista, quando certa vez notou sua chegada iminente a uma roda de conversa: “Cumprimentem o Dicesar, por favor. Por educação ou por medo”.

Faleceu em Curitiba em 26 de dezembro de 1969.

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Mural da História – 2007

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meu-tipo-inesquecível-maria-schneider© Grosby Group

Maria Schneider – 1952|2011 – atriz francesa, conhecida pela sua personagem Jeanne, que ao lado de Marlon Brando, protagonizou o filme O Último Tango em Paris de 1972.

Seu verdadeiro nome era Marie Christine Gélin e era filha da modelo romena Marie Christine Schneider e do ator francês Daniel Gélin. Casado com a atriz Danièle Delorme, Gélin só reconheceu a filha quando ela já era uma adolescente,  por essa razão, a atriz adotou o nome de sua mãe ao começar sua carreira no cinema.

Faleceu no dia 3 de fevereiro de 2011, de câncer, e seu corpo foi cremado no Cemitério do Père-Lachaise, suas cinzas foram espalhadas na Rocha da Virgem no mar em Biarritz na França, de acordo com seu último desejo.

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Fraga

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Braga Neto e Bolsonaro só poderão receber votos de boas festas

Por 5 votos a 2, o TSE decidiu que Braga Netto perderá os diretos políticos até 2030. Além de Bolsonaro, o general também foi declarado brochável.

A dupla foi condenada pelo uso eleitoral de evento oficial no 7 de setembro. Braga Netto queria disputar as eleições municipais no ano que vem, mas só vai receber votos se for selecionado para o BBB.

O general ficou irritado e deu 72 horas para a anulação da sentença. Bolsonaro não deu prazo porque todos os seus relógios foram vendidos por Mauro Cid como muamba nos EUA.

O ex-presidente agora pode concorrer apenas ao título de político que mais gastou dinheiro público e ainda assim não ganhou uma eleição.

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O Bandido Que Sabia Latim

Desenho de Tiago Recchia

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Teatro do eu sozinho

O Grande Vazio da Alma Humana está na sala vendo televisão. A Fantasia Exótica Magistral volta da feira e encontra os Traços Primitivos fazendo algazarra no banheiro. O Grande Vazio pergunta pelo salsão. Não havia salsão na feira.

A Fantasia Exótica chama todo mundo e faz uma descrição do mundo tal como ele realmente é. Tolstoi, apavorado, foge de casa. O Compêndio de Gramática explica que o artigo é a parte da palavra que serve para exprimir a extensão em que o substantivo será tomado.

Pânico no palco. A omissão do Artigo Definido acaba incriminando a Formulação do Plural, que foge do país. O Grande Vazio da Alma Humana continua vendo televisão.

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Mais do que posso eu suportar

Escutava música com o corpo despachado na rede. Não estava só. Era protegida por seus soldados – seu exército mal assombrado; uma infantaria com mais de dois mil anjos e demônios prontos para qualquer guerra, desde que perdida. Ouvia Amy Winehouse em “Back to black”’. Amava de paixão aquele CD. A primeira faixa, “Rehab”, faz brincadeira com as idas e vindas da inglesinha a essas clínicas que prometem a salvação de viciados. Ria-se com a desgraça descrita numa levada meio funk, meio soul. Pensava, Essa Amy sabe o que é dor; parece até que canta para mim.

Ela também estava numa clínica. Também fora fichada contra sua vontade, também vivia a mesma rotina de desintoxicação, banhos gelados, caminhadas, frutas e legumes. E, pior, a visita dos parentes. Todos, sem exceção, portando aquele ar magnânimo de, Coitadinha, olha só esse estado, tomara que os remédios façam efeito.

Ninguém tinha sacado nada. Por que bebia, por que entrava em depressão assim do nada, por que cortava os pulsos, batia com a cabeça na parede até cair, ainda bem que, desmaiada, mergulhava em sono profundo por dias e dias e podia fugir da realidade.

Jamais seria compreendida. Quer ver? – perguntou a alguém da legião invisível. Acenou para um cara de jaleco e disse, Êi, você aí, por que estou aqui, pode me dizer o que estou fazendo neste asilo? Quando o homem respondeu, Olha, cuidado, lembre-se da solitária, te isolo de novo, ela se encolheu no canto, assustada.

Voltou ao iPod e a Amy. Foi à sua música favorita, “Love is a losing game”. Ofereceu o fone para o homem pôr no ouvido, na esperança de que a entendesse. Está lá, com todas as letras: “Que bagunça nós fizemos/O amor é um jogo perdido/Mais do que eu posso suportar”. É tão simples. Mas o homem nem quis saber. Nunca jogara seus vidros de perfume pela janela, nem depredara o carrinho de sorvete no parque de diversões. Não entendia nada de paixão, dependência. Não fazia a menor idéia do que era pirar de amor, essa insolúvel pendência que firmara com a própria demência, no ápice da carência.

Então misturou-se à multidão que havia nela e, mil pedaços, voltou para os achados e perdidos da sua alma, protegida por seu exército.

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No Bar do Edmundo (Bacacheri)

todo-mundo2016 – O cartunista que vos digita, Maringas Maciel, Giselle Hishida e Ademir Paixão. © Vinícius Comoti 

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