Prostitutas de Paris, em algum lugar do passado.

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Anote na agenda

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#Forabozo!

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Curitiba volta a inovar no transporte

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Sobre sobreviver a si mesmo

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Depoimento:

“O tabu sobre o suicídio é de tal forma arraigado que nem nossa imprensa livre se atreve a comentar. Julgar é o que mais fazemos, em todas as circunstâncias que a vida apresenta. De alguma forma sempre temos que ter uma opinião, nem sempre formada por informação.

Sofro de transtorno de ansiedade generalizada e já tive alguns graves surtos de pânico. Atentei contra minha vida duas vezes. Sobreviver a mim mesma foi mais difícil que me entregar ao desejo de por fim ao sofrimento.

Tenho duas filhas, já adultas. Na época, duas adolescentes. Como explicar que não se tratava de escolha entre estar com elas ou morrer? O inferno no meu espírito, o tumulto de milhões de pensamentos catastróficos, invasivos em minha mente, num ir e vir sem fim. Só eu sei como é. O inferno de cada um não é compartilhado ou compreendido, mas pode não ser julgado.

A cicatriz nos meus pulsos hoje são marcas da guerra. A cicatriz na alma foi melhorando com o tempo e o amadurecimento dos filhos. Mas quem bate no peito para dizer que sobreviveu a si mesmo? O que era para ser um ato de superação se torna vergonha, pelo peso que o suicídio ganha como pecado contra a vida.

Sigo tentando não julgar qualquer comportamento. Difícil. Mas sei eu daquele que, nas drogas ou no álcool achou a paz que a realidade não lhe permite viver?  Hoje, ando nas ruas e me vejo em muitas pessoas. Vejo minha dor empatizando com a dor de tantos com quem cruzo pelo caminho.

A compreensão que veio com a minha experiência talvez também seja só minha, assim como os meus paraíso e inferno particulares.

Gostaria que as pessoas que passam por estas situações pudessem se ver, se enxergar num grupo. A solidão dessa dor é única”.

Do blog Morte sem Tabu – Folha de S.Paulo

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Marchesini

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Espere sentado

O TSE corre atrás do ministro da Defesa para conhecer o laudo sobre as urnas. O ministro não entrega. Bem feito para o presidente do TSE, que delegou atribuições judiciais para um general da ativa; pelo menos podia impor contrapartida ou isonomia e exigir conferir o currículo e as notas das escolas militares, que ensinam aos alunos teorias conspiratórias. O ministro da Defesa faz que não ouve e culpa o carteiro. O presidente do TSE ainda não entendeu o espírito da coisa.

O ministro só quis dar um sufoco nos capas pretas. Quanto ao laudo sobre as urnas, o presidente do TSE que espere sentado, coçando a careca. Se a coisa apertar com ameaça de crime de responsabilidade – que o ministro da Defesa detona num sopro, como o comandante do Exército fez com a candidatura de Lula -, Jair Bolsonaro dá um chega-pra-lá com um sigilo de 100 anos. Se até o cabeleireiro de Micheque ganha sigilo de 100 anos, que dirá um laudo que atesta a limpidez das urnas!

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Vida de cão

voz alta

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© Aeric Meredith Goujon

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É o fascismo, Folha

Editorial iguala Lula e Bolsonaro, como se o atual presidente estivesse dentro da régua da civilização

Na última semana, numa entrevista à GloboNews, o general Hamilton Mourão admitiu: a ideia é barbarizar de vez, caso Bolsonaro seja reeleito. Trocando em miúdos, o Congresso aprovaria uma PEC aumentando o número de ministros do STF e o presidente da República indicaria nomes terrivelmente fiéis, dispostos a por fim à separação de Poderes.

Curioso: o agora senador eleito, pelo Rio Grande do Sul, tem o mesmo sobrenome de outro general, Olímpio Mourão, a “vaca fardada”, comissão de frente do golpe de 1964. Com a geografia embaralhada, diga-se de passagem. Se um partiu de Minas Gerais contra a democracia, o outro dispara justamente da terra de Leonel Brizola e João Goulart.

Mas o problema “é a economia, Lula”, conforme o editorial desta Folha publicado na capa da edição do último domingo (9). Segundo o texto, estamos, nós, a sociedade brasileira, vivendo um momento de otimismo, com o Brasil indo de vento em poupa, portanto, seria mandatório que o candidato do PT diga logo como pretende nos manter neste rumo auspicioso.

“A pobreza mental e moral desse empresariado que age na política só por interesse direto, dominado por ganância e egoísmos patológicos, é responsável por grande parte das desgraças que assolam o país”, escreveu, coincidentemente, Jânio de Freitas, na mesma edição de domingo.

Perspectiva do tempo

Ele, o velho Jânio, já viu este filme: a democracia definhando, agonizando, enquanto se exige compromissos só da esquerda. Esquerda, aliás, é maneira de dizer, já que Lula vem se cercando de todos os credos, tendo amealhado a declaração de votos insuspeitos. Até dos papas: Pedro Malan, Armínio Fraga, Pérsio Arida, Edmar Bacha, André Lara Resende e Henrique Meirelles, além de Fernando Henrique Cardoso.

Lendo hoje os editoriais de 1964, a impressão que se tem é que foram escritos por terraplanistas. Quem iria garantir a democracia eram os quartéis, e João Goulart, um estancieiro de São Borja, estaria preparando a revolução russa. Como se sabe, o temido golpista nem sequer resistiu ao golpe. Fato: a perspectiva do tempo não perdoa.

Por dever do ofício de biógrafa, tive a oportunidade de ler todos os editoriais publicados nas semanas que antecederam o 1º de abril, um a um, em pelo menos quatro jornais: Correio da Manhã, O Globo, Jornal do Brasil e Última Hora. A propósito, honrosa exceção para a Ultima Hora, o jornal fundando por Samuel Wainer, o único a ficar do lado certo da história.

A coisa esquentou nas páginas dos matutinos e vespertinos após o famoso comício da Central, em 13 de março, quando João Goulart chamara o povo para a rua em defesa das reformas de base. Entre estas, a reforma agrária. Antes de seguir para o comício, ele assinara dois decretos, um desapropriando terras ociosas às margens das rodovias e outro encampando refinarias particulares de petróleo. Logo assinaria a lei limitando remessas de lucros para o exterior.

Segundo O Globo: “Ainda se poderá falar em legalidade neste país? É legal a situação em que se vê o chefe do executivo unir-se a pelegos e agitadores comunistas, para intranquilizar a nação com menções a eventuais violências, caso o Congresso não aceite seus pontos de vista?”.

O mais famoso dos editoriais, intitulado “Basta”, viria alguns dias depois, no dia 31 de março, véspera do golpe, publicado na capa do vetusto Correio da Manhã: “Basta de farsa. Basta de guerra psicológica que o próprio governo desencadeou com o objetivo de convulsionar o país e levar avante a sua política continuísta. Basta de demagogia”.

Na Ultima Hora, Paulo Francis revidou: “Vários editoriais de domingo não eram apenas insubordinados como os marinheiros, mas nitidamente subversivos, pois pediam a cabeça de Jango, incitavam os militares à rebeldia armada contra o governo”. Na sua opinião, “os ‘democratas’ abandonaram o travesti, desnudaram-se exibindo a epiderme dos gorilas que são e sempre foram”.

Neoliberalismo canibal

Passados 58 anos, cá estamos de novo, com a democracia por um fio. Desde 2018, assistimos a esta invasão dos bárbaros. Eles avançam, corroendo tudo. Em “Como as Democracias Morrem”, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt chegaram a alguns quesitos para avaliar o risco dos candidatos de extrema direita. Bolsonaro se encaixa em todos.

Ao rejeitar as regras do jogo e contestar os resultados das urnas, batendo na tecla das “eleições limpas”. Ao propagar ameaças de golpe, recuando e progredindo. Ao atacar a imprensa. Ao incitar a intolerância e a violência.

Sobretudo, ao negar a legitimidade do oponente. No discurso bolsonarista, todo progressista é comunista e agente do globalismo, ameaça em potencial aos valores da pátria.

No editorial de domingo, a Folha igualou as campanhas de Lula e Bolsonaro, clamando por um “debate de ideias”, como se o atual presidente estivesse dentro da régua da civilização. Fico imaginando quais as “ideias” de Bolsonaro a serem discutidas: a tortura como política de Estado? Se a solução para o problema da segurança pública seria botar uma AK-47 na mão de cada cidadão? O combate à “ideologia de gênero” como prioridade do MEC? O fechamento do STF? Ou a transformação da Amazônia num grande garimpo?

É o fascismo, Folha. Não adentremos as minúcias da doutrina de Mussolini. Até porque Jair não é Benito, que tinha lá o seu arcabouço teórico e algum verniz. Suas raízes estão fincadas, todos sabemos, no fascismo rasteiro, aquele natural de Rio das Pedras. O neoliberalismo canibal não nos salvará da ruína moral, mesmo que nos tornemos uma grande Miami.

Editoriais são documentos históricos —e Bolsonaro não é um problema do Lula, mas um problema nosso.

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Carta para Raquel (1) – segunda parte

Eis a versão em português do agradecimento que fiz na homenagem que minha querida esposa Raquel Dias da Silveira Motta recebeu durante o Congresso da Associação Ítalo-Brasileira de Professores de Direito Administrativo e Constitucional, realizado em Palermo, na Itália:

Bom dia a todos

Compareço na linda e amada cidade de Palermo com o coração repleto de felicidade e emoção pela homenagem que minha amada esposa Raquel Dias da Silveira Motta está recebendo neste inesquecível dia de hoje.

Raquel amava a cidade de Palermo e sua universidade, onde esteve alguns anos na qualidade de professora convidada e congressista. Tinha muito orgulho de ter ministrado aulas na “Alma Mater” de Vittorio Emanuele Orlando, Santi Romano e tantos outros grandes jurisconsultos que até o momento engradecem este maravilhoso país, bem como dos amigos que fez, tanto os que vivem e ensinam em Palermo, como de outras diversas cidades da Itália, país pela qual tinha especial predileção e amor, eis que estamos na terra em que, sem qualquer sombra de dúvida, desde o Império Romano até os dias de hoje, mais contribuiu para o desenvolvimento do direito em todos os seus ramos.

Quando viveu em Brasília, Raquel e um grupo de amigas, se reuniam uma noite por semana, cada vez na casa de uma, para lerem os poemas do grande poeta brasileiro, nascido em Minas Gerais como Raquel, chamado Carlos Drummond de Andrade. Estávamos, na época namorando, e eu lhe dei de presente um livro de um outro grande poeta brasileiro, Mário Quintana, nascido no Rio Grande do Sul, minha terra natal.

Raquel era uma pessoa muito impulsiva, quando dava aulas, quando trabalhava, quando lia e estudava. Quando tinha uma ideia não havia no mundo pessoa capaz de fazê-la mudar. Quando Bruno, nosso amado filho chegou, e ele é o maior tesouro que ela me deixou, passou a ser ainda mais impulsiva, amando-o, como continua a amar no Céu, com uma intensidade nunca vista e de modo absolutamente incondicional.

Como disse, dentro da impulsividade, eu às vezes citava um poema de Carlos Drummond de Andrade, onde numa estrofe ele disse: “no meio do caminho tem uma pedra”. Raquel respondia com um poema de Mário Quintana: “Tudo isso que aí está, atravancando meu caminho, eles passarão, eu passarinho!”

Raquel, desde o ano de 2015, teve quatro cânceres. Nos três primeiros lutou pela vida com uma força descomunal, jamais perdendo o sorriso e a alegria de viver, o amor a Deus, o amor ao filho, o amor ao marido e a todas as pessoas que amava.

Em outubro de 2021 foi diagnosticada com leucemia. Não perdeu a garra e a vontade de viver. Agradeceu a Deus toda a vida que tinha tido e disse a si mesmo e aos outros, que lutaria até o último segundo de vida. Nunca se queixou, nunca se lamentou, só dizia que Deus, juntamente com Jesus Cristo, o Espírito Santo e Nossa Senhora, sabia o que fazia e o que era melhor para ela. No dia 31 de março de 2022, pouco depois do meio-dia, foi ao encontro dos seus antepassados, onde espera a ressurreição que a todos nós há de vir. Afinal, a vida é uma viagem onde sabemos o local de partida, mas ignoramos o dia e o local da chegada. Viveu 44 anos incompletos, eis que comemoraria os seus 45 anos no dia 24 de abril de 2022. Mas com a Raquel o calendário gregoriano não funcionava. Impulsiva como era, vivia em um ano mais de dez. Depois da chegada do Bruno, vivia cada ano como se fossem cem. De modo que, com o perdão do bom Papa Gregório, Raquel viveu mais de 900 anos, disso tenho certeza.

Meus queridos amigos, Raquel me ensinou que temos que ter esperança, de que o mundo ainda pode mudar para melhor. Peço, em sua memória, que façam como ela, levantem e vão por ele lutar, como peço a Deus todas as noites para ter a força que a Raquel tinha.

De outubro de 2021 a 31 de março de 2022, Raquel teve mais de vinte hospitalizações para sessões de quimioterapia e transfusões de sangue. Nos seus três primeiros cânceres, seu cabelo caiu. No quarto, e derradeiro, sem que os médicos soubessem explicar, seu cabelo lindo, comprido e castanho escuro, assim com a cor dos seus olhos, não caiu. Hoje, sei que São Pedro a queria receber integral, linda, com seus cabelos compridos, seus olhos vivos e seu sorriso que a todos encantava.

O poeta já citado Mário Quintana disse uma vez que gostava dos dias de chuva pois podia sair na rua sem que as pessoas enxergassem suas lágrimas. Quando chove, aproveito e saio para rua e fico andando a esmo.

Minhas lágrimas não são mais de dor, mas sim de amor. Muito obrigado do fundo do meu coração. Fiquem todos com Deus.

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Solda

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Carta para Raquel (1) – primeira parte

RICORDO DI RAQUEL DIAS DA SILVEIRA MOTTA

Minha amada e amantíssima esposa:

Já deveria ter escrito depois de ter voltado da Itália, onde estive em Palermo, para receber a homenagem que a “Associazione ítalo-brasiliana dei professori di diritto amministrativo e constituzionale”, que você fundou com Maria Immordino, Nicola Gullo, Cristiano Celone e Estefânia Maria de Queiroz Barboza, lhe prestou no Congresso que é organizado a cada dois anos, revezando entre a Itália e o Brasil.

Acontece que, quando cheguei, o Bruno estava na semana de provas e eu estava esperando as notas que ele tirou para lhe dar notícias mais atualizadas. Pelo terceiro bimestre seguido, todas as notas dele foram superiores à média, razão pela qual acho que ele não vai pegar exame final em nenhuma disciplina. A grande surpresa é que as notas dele em inglês são superiores as da Língua Portuguesa, contra a qual ele tem algumas broncas. Dia desses, me disse que o “agá” não tem nenhum sentido, já que não possui som algum. Para ele, hotel deveria ser “otel” e ponto final. Hoje, depois do almoço, invocou com o “w” e o “y”, dizendo que não entendia porque eles existiam já que temos o “u” e o “i”. “O tal português é muito complicado”, foi o que sentenciou, com toda a razão.

O Congresso em Palermo foi maravilhoso. Maria Immordino recebeu uma linda homenagem quando do lançamento do livro em homenagem à sua docência. São quatro volumes, com inúmeros professores italianos e brasileiros. Nosso artigo, o último que escrevemos juntos, está lá. Nicola Gullo e Cristiano Celone continuam, assim como Maria, pessoas fantásticas, que você colocou em minha vida. Cristiano inclusive, durante a sua conferência, quando citou você, embargou a voz, chorou e não conseguiu concluir sua fala. Nicolletta, a esposa de Cristiano, continua sendo outra pessoa maravilhosa. Inclusive nos receberam na linda casa de praia e nos apresentaram os pais de Cristiano. Depois do almoço, Mara, esposa do desembargador e professor Clayton Maranhão, em conjunto com o Alfredo Contieri, começaram a cantar Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Toquinho e Andrea Bocellli. Enquanto cantavam Bocelli eu recordei o concerto dele que assistimos juntos e chorei, como chorei.

Giulia Torta, que você conhece tão bem, foi incansável na organização do evento, tendo ao seu lado um jovem queridíssimo, chamado pelos italianos de Francesquino, que está escrevendo uma tese de doutorado sobre “Direito Administrativo e o combate à máfia”. Conheci, também, pessoalmente, Caterina Ventimiglia e Marco Ragusa, de quem você sempre falou maravilhas. É verdade, são duas pessoas maravilhosas. Reencontrei também os amigos Fabricio Fracchia, Alfredo Contieri e Francesco Manganaro, que você também colocou em minha vida.

A sua homenagem ocorreu logo depois da abertura solene do Congresso, de modo que estavam presentes os reitores da Universidade de Palermo, da Libera Universidade Maria Santíssima, do prefeito de Palermo, do presidente da Região Siciliana, do presidente da Assembleia Legislativa da Sicília, do presidente da Associação de Professores de Direito Administrativo da Itália, da cônsul honorária do Brasil em Palermo, e foi presidida pela Estefânia. Nicola fez um lindo discurso rememorando toda a sua vida acadêmica e profissional e a sua essência como integrante da espécie humana. Após, em fiz um discurso em italiano, cuja tradução devo ao professor Domenico, que dá aulas de italiano para a sua amiga de Uberaba Ana Isabel Tiveron.

Quando terminei, todas as autoridades antes citadas, mais de 50 professores italianos e mais de 15 professores brasileiros, aplaudiram-lhe de pé, enquanto Maria me entregava um lindo papiro onde seu nome está imortalizado. Muitos choravam. Eu também. Demorei mais de 30 minutos para deixar o recinto, tantos eram os fraternos abraços e beijos que só os italianos sabem dar.

Na saída, fui até a Igreja de Santa Maria de Jesus de Palermo onde repousa São Benedito, que, junto com Santa Rosalía, de quem você se tornou devota, são os padroeiros de Palermo. Sentei próximo do túmulo de São Benedito e chorei por mais de uma hora de saudades de você, pedindo ao Mouro que me dê forças para criar o Bruno e a sua proteção eterna ao nosso amado filho. O Santo Negro, filhos de escravos, frei franciscano, analfabeto, que se tornou superior dos franciscanos na Sicília e quando deixou o cargo de superior voltou, humildemente, a ser cozinheiro do mosteiro, tarefa que lhe deram quando ali chegou.

Na saída da Igreja, como você já sabe, Jesus apareceu de novo. Em homenagem a São Benedito, tenho certeza, era um africano, com roupas em estado lamentável. Dirigiu-se a mim e pediu, olhando nos meus olhos, com grande humildade, “dammi una moneta cosí posso mangiare”. Eu lhe dei 10 euros. Ele agradeceu e disse: “Pregheró per te. Como ti chiami?” Eu respondi: “Non pregare per me. Prega per mio figlio Bruno che diventi um Uomo come sua madre voleva che fosse”. O africano então começou a subir os degraus da Igreja, parou, olhou para trás e me disse: “Pregheró per Bruno”.

Voltei para o hotel e antes de entrar sentei num bar. Pedi uma garrafa de um branco siciliano (que você com razão disse serem os melhores do mundo), uma água sem gás e dois cálices. O garçom, que era trans, perguntou se vinha mais alguém. Eu disse que já estávamos em dois, eu e Raquel e apontei para a aliança que ainda conservo na minha mão esquerda. Ele, ou ela, tanto faz – que seja feliz para todo o sempre –, perguntou quando você havia nos deixado. Respondi que no dia 31 de março de 2022. Tomei, alternando os cálices, a garrafa inteira. Às vezes, caiam lágrimas e o garçom me olhava e dizia: “Piangere è buono, fa bene all´anima”.

Cambaleando, voltei ao Congresso e assisti ao restante das conferências.

No domingo fomos a Mondelo, praia que você tanto amava. Como estava de bermuda, entrei na água até os joelhos.

Amanhã, apresento a versão para o português do discurso que fiz.

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