Agora todo mundo quer ver o “pedófilo”

No hospício chamado Brasil o Ministério da Justiça resolveu tirar do ar o filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola” depois de ele mesmo ter liberado o tal há dois anos e carimbado a recomendação para maiores de 14  anos. Tudo porque, na rede de malucos da internet, espalhou-se uma cena com Fabio Porchat no papel de um tio pedófilo chavecando três sobrinhos. O personagem é vilão e existe por aí, na vida real, nas casas dessas famílias que estão horrorizadas, nas igrejas, etc. A ordem do Ministério é inconstitucional.

A Globo, em cujos canais pagos Globoplay e Telecine passa o filme, disse que não tira do ar e classificou a investida como censura. Em resumo: agora quem não viu vai querer ver a coisa. Em tempo: quem já viu diz que o filme é ruim, pra variar. Claro que já tem piada politicamente incorreta no ar. Uma diz que se em vez do Porchat o pedófilo fosse o Michael Jackson, aí, tudo bem.

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© Torsten Richter

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#ForaBozos|

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Inesquecível

Waltel Branco (1929|2018).  © Maringas Maciel

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O consumidor e as ligações telefônicas

O consumidor telefona para um banco, instituição financeira, convênio médico, serviço de energia, água etc. e é a mesma coisa sempre. Primeiro informam que a ligação “poderá ser gravada”.

A verdade é que nunca gravam, e se você requisitar a gravação, no geral, não lhe fornecerão. O que fazer neste caso?

Instale um serviço gratuito de gravação das suas ligações e informe ao atendente que você está gravando a chamada. E o número do protocolo?

Aparece uma gravação de voz na qual informam um número de protocolo, normalmente ele possui vinte dígitos ou mais. Ontem fiz um simples pedido e me forneceram três protocolos, juntos eles totalizaram 60 dígitos.

Quem anota tudo isso? Resposta: ninguém. O consumidor deve anotar esses números de protocolos? Sim, deve anotar.

Se você tem a gravação da chamada em seu aparelho, não precisa anotar pois os números ficam registrados na sonora.

Outra coisa que pode correr é você reclamar com o número de protocolo e a prestadora de serviço informar que aquele número não existe e mais ainda: dizer que não fornece número de protocolo ou registro das ligações.

Assim, o consumidor deve anotar o número telefônico, os horários e o nome dos atendentes.

No geral, as ligações duram de 15 a 40 minutos. Surgem gravações nas quais o consumidor deve digitar dados, números e muitas opções para, depois de muita espera, falar com um atendente que lhe diz que é outro número que deve ligar ou que não sabe responder a informação que você deseja.

Todas essas situações não têm quase nenhuma ação fiscalizadora dos Procons ou das agências de regulação.

A única possibilidade aos consumidores é a teoria do desvio produtivo, que visa indenizar o tempo perdido do consumidor com a perda de tempo desnecessário e inútil para resolver as questões contratuais.

Em resumo, a teoria reconhece que o consumidor se vê então compelido a desperdiçar o seu valioso tempo e a desviar as suas custosas competências – de atividades como o trabalho, o estudo, o descanso, o lazer – para tentar resolver esses problemas de consumo, que o fornecedor tem o dever de não causar.

Por outro lado, ninguém ficará ajuizando ações a cada ocasião que ficar um tempão no teleatendimento, e assim, segue o baile.

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Leiautes

este-cinema(2002) Eu estava no bico do urubu, até ser retirado do ostracismo por Robert Amorim, Gilson Camargo e Alê. Gracias, amigos.

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Nelson escrevia sobre o que mais temia: o recalcado em nós

O desejo, a traição, a culpa e o ódio, todos elevados às mais altas potências

Quem leu “O Anjo Pornográfico”, excelente biografia de Nelson Rodrigues, escrita por Ruy Castro, deve se lembrar do trecho mais bonito do livro, quando termina o terceiro ato da peça “Vestido de Noiva” e a plateia fica em silêncio sepulcral. Naquele momento, Nelson, que tinha escrito a peça na tentativa desesperada de sair da miséria que assolava sua família, tem certeza de que fracassou. É quando começam a aplaudi-lo freneticamente, e a noite termina com o dramaturgo sendo ovacionado.

O cronista que melhor escancarava as hipocrisias da burguesia carioca passou um tempo tentando convencer diretores brasileiros a montarem seu texto, mas seria pelas mãos do polonês Ziembinski, com o grupo carioca Os Comediantes, que essa obra espetacular (e que melhora a cada vez que você lê o texto) marcaria para sempre a história da dramaturgia, dando início ao processo de modernização do teatro brasileiro.

Em 1943 os personagens Alaíde, Madame Clessi, Lúcia e Pedro jogaram luz nos desejos mais obscuros e vexatórios daquela classe social específica que pagava com gosto para ser ridicularizada no palco. Vaidosos que eram, os holofotes os faziam, acredito eu, se sentir no palco.

A tragédia é dividida em três cenários que representam a jornada caótica e inconsciente de Alaíde: plano da realidade, no qual a protagonista está desacordada no hospital; plano da alucinação, no qual faz uma espécie de terapia com a falecida prostituta Madame Clessi e tenta se lembrar da sua relação com o marido Pedro e a irmã Lúcia; e plano da memória, no qual mistura lembranças do passado com notícias que leu ou imaginou.

Apesar de a trama lembrar demais o que acontece com a nossa mente quando deitamos em um divã, não há indícios de que Nelson Rodrigues lia psicanálise –o que sabemos sobre a relação do autor com a obra freudiana, segundo a psicanalista Fernanda Hamman, especialista na obra do dramaturgo, é que ele falava mal de Freud e considerava suas ideias entre tolas e perigosíssimas.

O fato é que Nelson escrevia sobre o que mais temia: o recalcado em nós. O desejo, a traição, a culpa e o ódio, todos elevados às mais altas potências.

Em determinado momento, Madame Clessi, a prostituta que representava uma vida livre e foi morta exatamente por isso, pergunta a Alaíde quem é, afinal, a mulher de véu que comete o crime. Seria a própria Alaíde, que não suportava mais um marido tão bonzinho e até desejava morrer jovem e bonita? Seria a sua irmã, que independente do homem em cena (e eles têm todos o mesmo rosto), precisava destruir a alteridade (principalmente quando o outro lhe servisse também de espelho)? Misturando elementos de casamento com velório (velas, flores, marchas), Nelson deixa bem clara a sua ideia de que formar uma família era mandar definitivamente a pulsão de vida para o cemitério.

Nesse texto, o véu de todo o fingimento para viver em sociedade é desnudado. Talvez essa seja a obra mais importante de Rodrigues, sobretudo por representar a grande virada em sua carreira.

Acusam Nelson de misógino com razão (é só ver suas entrevistas), mas qual dramaturgo, ainda mais naquela época, deu tanto protagonismo aos quereres, aos anseios, aos sonhos e às lubricidades de uma mulher de verdade?

Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo | Com a tag , | Deixar um comentário
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Saul Bass

Cartaz do filme The Man With The Golden Arm – O Homem do Braço de Ouro – Otto Preminger, 1955. O filme conta a história do “homem do braço de ouro”, chamado assim por ser um grande baterista e também crupiê, manuseando com maestria o baralho. Mas também porque usa seu braço para injetar na veia doses de heroína, um vício que apesar da luta constante não consegue se livrar, arruinando-lhe a vida.

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Agrippino Grieco – parte final

Perder amizades era uma das características de Agrippino Grieco. O baiano Pedro Calmon, desde muito radicado no Rio de Janeiro, era professor catedrático de direito constitucional na Universidade do Brasil. Também regia a cadeira de história da civilização na mesma instituição, onde se tornou colega e amigo fraterno de Agrippino Grieco. Pedro Calmon foi reitor da referida universidade durante 18 longos anos.

O Rio de Janeiro de então foi abalado pela chegada do novo embaixador da Itália na cidade. Não propriamente por ele mesmo, mas sim pela beleza estonteante de sua esposa, autêntica Gina Lollobrigida, Sophia Loren, Claudia Cardinale, Virna Lisi, Laura Antonelli, Monica Vitti, Elsa Martinelli, Isabella Rossellini, Ornela Mutti e Monica Bellucci tudo numa mulher só. Para completar a festa, a lindíssima embaixatriz assim que soube que o marido serviria no Brasil deu para aprender português e desceu do navio falando fluentemente o nosso idioma, assim como o marido, diligente e profissional diplomata.

Chegou o grande dia da primeira recepção do embaixador e da embaixatriz. Todo o corpo diplomático, os políticos que interessavam e a alta sociedade carioca foram convidados. Agrippino Grieco, como filho de italianos e famosíssimo personagem carioca, encabeçava a lista dos VIPS da cidade formada pelo cerimonial da Embaixada da Itália.

Quando chegava na Embaixada, vindo de táxi, ao lado estacionou o carro oficial do magnífico reitor Pedro Calmon. Trajados de fraque (exigência da casa), os mesmos se encontram, se cumprimentaram fraternalmente, começaram a conversar e seguir a fila dos convidados que subiam a longa escadaria da mansão em direção à porta de entrada, onde o sorridente embaixador e a lindíssima embaixatriz aguardavam e cumprimentavam os convidados.

Depois de algum tempo, chegou a vez dos dois apresentarem seus cumprimentos. O reitor teve preferência em relação ao professor. Quando chegou a vez de Grieco, a embaixatriz lhe dirigiu um sorriso de “Deusa Greco-Romana” e simpaticamente disse “muito prazer em conhecê-lo, Senhor Professor Grieco, que tão bem representa a inteligência de nossos antepassados nas lindas terras do Brasil!” Agrippino Grieco respondeu de bate pronto: “Excelentíssima Senhora Embaixatriz, creio que há algum engano de vossa parte, já que nos conhecemos ontem. Inclusive dormimos juntos”.

O embaixador, já tirando o paletó do fraque (sei lá se fraque tem paletó ou chamam de outro nome), exigiu lavar a honra de sua esposa com sangue. Ordenou que trouxessem as pistolas, iriam para um duelo ali mesmo, nos jardins da Embaixada. Os convidados, o reitor dentre eles, ficaram perplexos e sem reação. O embaixador bufava de raiva.

Agrippino Grieco, calmamente, como o mundo não estivesse caindo sobre sua cabeça, pediu a palavra e que o embaixador tivesse calma, iria explicar tudo. O embaixador, ainda espumando ódio, respondeu que Agrippino se explicasse.

Grieco então falou: “Na noite de ontem, ocorreu a Aula Magna na Universidade do Brasil, proferida pelo magnífico reitor Pedro Calmon, que casualmente está aqui ao nosso lado. A Excelentíssima Senhora Embaixatriz estava presente, assim como eu e numerosa plateia. No meio da Aula Magna, notei que a Embaixatriz, assim como grande número de assistentes, começou a dormir. Minutos depois eu também dormi”. O embaixador, vestindo o paletó do fraque, caiu na gargalhada e o magnífico reitor Pedro Calmou foi mais um que nunca mais dirigiu a palavra a Agrippino Grieco.

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Publicado em Paulo Roberto Ferreira Motta | Deixar um comentário
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© Gal Oppido

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Abre as asas sobre nós, mas…

Alguns, entre eles pessoas quase bacanas, gente até talentosa e meio de boa vontade, sujeitos relativamente sãos em outros assuntos, expõem com despudor suas justificativas para regimes de força de diversos matizes.

Ao serem questionados, explicam, do alto de suas soberbas, fatalmente começando com a palavra “mas”:  – “lá tem saúde para todos” – “lá não há fome”- “fez a economia crescer”, – “respeitam os mais velhos” – “não há tanta corrupção” – “todo mundo estuda” – “lá a gasolina é quase de graça”. Isso tudo e mais os inúmeros etecéteras que vocês possam imaginar.

Mas (olhe mais um “mas” aí, gente!), gosto de pensar na liberdade como um princípio absoluto, sem mas. Liberdade, uma herança de Deus, ou, para os agnósticos, uma lei da natureza. A falta de liberdade é pior, bem pior, mas muito pior mesmo que qualquer desgraceira humana do passado, do presente ou ainda a inventar.

Por isso, ultimamente, ando inclinado a dispensar aqueles que acreditam saber resolver meus problemas melhor do que eu. A humanidade lutando há milênios por mais liberdade para o povo e menos poder na mão do Estado, mas, por incrível que pareça, tem quem lute para continuar preso.

Mas, como sou tolerante, sugiro, que seja opcional. Quem quiser que se apresente em uma repartição, assine papéis, abdique de seus direitos e deixe que o governo “cuide” da sua vida. Mas, porém, entretanto… do jeito que tem cuidado até hoje.

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Mark Twain e a ironia das descobertas marítimas

Os mares da Terra já eram suficientemente navegados para que Cristóvão Colombo, em 1492, reclamasse o pioneirismo quanto à travessia do Atlântico. Os livros escolares estão cheios de aventuras do intrépido conquistador, atribuindo-lhe, inclusive o injusto título de “poedeira de ovo em pé do ano”. As marolas históricas são tão desencontradas que qualquer cidadão menos avisado embarca numa onda de engulhos e mal-estar. Aceita um Engov? Não, obrigado. Estou só olhando!

Com o vasto e proceloso Atlântico pela frente, Colombo animava a tripulação quanto ao sucesso da empreitada. Porém, depois de quatro dias no mar, a agulha da bússola ficou doida. Colombo acalmou a tripulação dizendo que isso era devido à Estrela Polar. Ele e o mundo desconheciam as variações magnéticas. Inadvertidamente, a frota de três caravelas foi descobrir o Novo Mundo. No dia 12 de outubro de 1492, ele rebatizou de São Salvador uma ilha que os indígenas chamavam de Guanahami. Quando já estava no fim dos seus dias, Colombo ainda acreditava que as ilhas descobertas ficavam na costa oriental da Ásia! Acredita? Não, obrigado. Estou só olhando!

Nem morto Colombo parou de viajar. Morreu em 1506, em Valhadolid, Espanha. Foi sepultado num mosteiro de Sevilha. Quando, 30 anos depois, seus feitos foram reconhecidos, foi trasladado para a República Dominicana. No século XVIII, um descendente dele o levou para Havana. Diz-se que foi novamente levado para Sevilha, mas em 1877 descobriram uma urna sob a Catedral de Santo Domingo com a inscrição C.C.A. Como já imperava a fome por dinheiro, pegaram as cinzas da urna e fizeram dois medalhões para vender em 1973. Não obtiveram preço algum. Compra? Não, obrigado. Estou só olhando!

Sobre se Colombo foi mesmo o primeiro a navegar tão longe no Atlântico, Mark Twain disse: “As investigações de muitos comentadores já tornaram esse tema suficientemente obscuro e é provável que, se prosseguirem, em breve nada saibamos sobre o assunto.” Sabe-se que, um ano depois da morte de Colombo, deram o nome de América ao continente por ele descoberto. Homenagem a Américo Vespúcio, um mercador italiano bem obscuro. Valeu? Não, obrigado. Estou só olhando!

*Rui Werneck de Capistrano é descobridor dos sete bares

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nosocômiosLá, o inferno são sempre os outros. E os outros, acham o contrário, evidentemente.

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Agrippino Grieco – parte I

Agrippino (com dois pês mesmo) Grieco nasceu em Paraíba do Sul (Rio de Janeiro), em 1888 e morreu na capital carioca, em 1973. Funcionário público na Estrada de Ferro Central do Brasil, ficou famoso como poeta, contista e principalmente crítico literário. Deixou a Central do Brasil para ser professor de história da literatura na Faculdade de Letras da antiga Universidade do Brasil. Faturava, ainda, muitos trocados, realizando conferências pagas em todo o país. Naqueles tempos, com o rádio incipiente e sem televisão, inúmeros intelectuais viviam disso e reuniam, principalmente nas pequenas e médias cidades, numerosas plateias. Mas Aggripino notabilizou-se mesmo como crítico literário, o mais importante da história do Brasil, ao lado de Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde).

Caso o autor objeto de suas críticas não servisse para lamber os pés de Machado de Assis ou lustrar os sapatos de Lima Barreto, Grieco era implacável e o escritor apanhava mais do que boneco de Judas na sexta-feira da paixão. Em suas críticas, publicadas sempre aos domingos, n´O Jornal, era mordaz como o Célio Heitor Guimarães, ferino como o Rogério Distéfano e cáustico como o Luiz Antonio Solda. Quando um livro era objeto de sua crítica semanal, o autor se escondia debaixo da cama à espera das chuvas e trovoadas que invariavelmente vinham.

Devotava verdadeiro horror aos parnasianos, brindando o mais famoso deles, o curitibano Emílio de Menezes, com variados impropérios. Certa feita, não contente com o que já havia escrito sobre o mesmo, saiu-se com essa: “Estripando vaidades: Emílio de Menezes num Olimpo de Opereta”.

Outros autores, inferiores ao nosso Emílio, não tinham sorte melhor: “Ele é uma glória literária no Brasil, mas glória no Brasil é ainda a melhor maneira de ser ignorado pelo resto do mundo”, “Panatenia (tatuagem) da imbecilidade”, “Inútil como um tenor resfriado”, “Mais mentiroso que epitáfio de cemitério”, “Era um camelo no Saara das ideias”, “Cobriram-no de adjetivos poéticos, mas ele queria apenas um substantivo prosaico: dinheiro”, “Estava presente em espírito. Ou seja, ausência total”, “Tem um estilo mais engomado que irmã de caridade”, “No dia em que tiver uma ideia, morrerá de apoplexia fulminante”, “Trata-se de um Clóvis Bevilácqua de emergência”, “É um livro raro, mais raro, no entanto, era quem o procurasse”, “A obra é ilustrada, o autor não”, “O livro deveria ser encadernado em pele de jumento, por coerência quanto ao conteúdo”, “Aquele médico deixou de clinicar para escrever um romance. Lucraram os doentes e perdeu a literatura”, “Começou a aprender italiano depois de ter traduzido Dante”.

Grieco não batia apenas em literatos e, volta e meia, se metia na política: “Era um deputado conservador; seu único programa era conservar sua cadeira na Câmara”, “Direita e esquerda são complementares e permanentes. Vitória integral da direita traz congelamento e esclerose. Êxito completo da esquerda traz anarquia e o caos”. “Era um pêndulo, oscilando entre a ignorância e a má fé”, “Insultavam-se mutuamente, e ambos tinham razão”, “Apesar de homem culto, ninguém como ele botou mais solecismos no papel. Era deputado, mas devia ser o taquígrafo da Câmara”.

Até com Ruy Barbosa tinha lá suas diferenças. Reza a lenda urbana que na Conferência de Haia, Ruy, ao dirigir-se à Assembleia das Nações, perguntou em que língua do mundo gostariam que ele discursasse. Foi a glória de Ruy no Brasil, os botocudos de todos os gêneros acreditaram na esparrela. Agrippino Grieco colocou os “pingos nos ís” e explicou aos seus leitores que a referida Assembleia funcionava com dois idiomas oficiais, o francês e o inglês, e que Ruy, que depois da mentira contada acima passou a ser referido pela imprensa e pelo povo como “O Águia de Haia”, apenas havia perguntado em qual dos dois idiomas deveria discursar, recebendo do presidente a resposta de que “em francês ou inglês, o senhor escolhe!”.

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