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Publicado em Grandes Tragédias Brasileiras
Com a tag Milton Ribeiro, Ministro da Educação
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Nara, militares e o bolsonarismo
Em plena ditadura, cantora disse: ‘Esse Exército não serve para nada’
A entrevista do comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, à Folha ofende os fatos e a lógica. Baptista repete a ladainha de que “a política não entrará nos nossos quartéis” e que os militares sempre prestarão continência “a qualquer comandante supremo das Forças Armadas”.
Para ser levado a sério, ele teria que explicar com clareza, não com ambiguidades e recados mal disfarçados, a nota intimidatória do ministério da Defesa à CPI da Covid no Senado e o tuíte do Alto Comando do Exército, publicado por Villas Bôas, em 2018, com ameaças ao STF, na véspera da votação do habeas corpus de Lula.
Bolsonarista raiz, Baptista compara a presença de militares no atual governo à atuação de acadêmicos nos mandatos de FHC e à de sindicalistas na era Lula. Cinismo ou ignorância?
Para dimensionar o necessário debate sobre o papel dos fardados na democracia, trago argumentos do historiador Manuel Domingos Neto, um dos maiores estudiosos do tema no Brasil, em artigo publicado no portal “A Terra é Redonda“. O professor toca num dos nervos centrais da questão: a dependência tecnológica das nossas FAs de fornecedores de armas e equipamentos “que não defendem o Brasil, mas reforçam o poderio de potências imperiais”.
Sem romper essa dependência, o que esperar dos militares quando —e se— voltarem aos quartéis? Segue Domingos Neto: “Formar novos Bolsonaros, Helenos, Villas Bôas, Pazuellos, Etchegoyens ou coisa pior?”. Continuarão os homens armados a arrogar-se a condição de “pais da pátria”, “estigmatizando os que lutaram por mudanças sociais?”. Manterão suas “operações de garantia da lei, que beneficia os de cima, e da ordem, que massacra os de baixo?”.
Para ampliar a discussão, sugiro ainda a série “O Canto Livre de Nara Leão“, que resgata momento de luminosa coragem da cantora. Em plena ditadura, ela diagnosticou sem meias palavras: “Esse Exército não serve para nada”. Nara, atualíssima, cinco décadas depois.
Publicado em Cristina Serra - Folha de São Paulo
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O Direito de Impunidade
Mas, cá entre nós, o presidente também poderia usar esse termo – “direito de ausência” – para justificar suas ações e omissões em três anos de governo. E, quem sabe, expandi-lo; lhe cairia bem, por exemplo, o “direito de ignorância”, o “direito de grossura”, o “direito de intolerância”, o “direito de negacionismo”
Confesso, minha paciência esgotou-se. Já usei todos os adjetivos possíveis para defini-lo e tinha decidido não mais falar a respeito desse degenerado presidente. Não vale a pena, pensei. A batalha tem sido inglória. Há três anos, e mesmo diante de todas as barbaridades cometidas, ele permanece no cargo com a complacência do Congresso e a hesitação da Justiça. É melhor deixá-lo quieto na solidão sinistra do Planalto. Restam apenas nove meses para a eleição que irá nos redimir. Concentremos nossas forças e nossas esperanças no resgate do verdadeiro Brasil, não este que aí está, envolto em preconceito, retrocesso, obscurantismo, ignorância, arrogância, perversidade, descompaixão.
Mas eis que o homem voltou a atacar. Desafiou o Supremo Tribunal Federal ao não cumprir uma determinação judicial assinada pelo ministro Alexandre de Moraes. Simplesmente não compareceu à Polícia Federal para o interrogatório em que teria de explicar como teve acesso aos dados sigilosos do inquérito da PF sobre o ataque aos computadores do Tribunal Superior Eleitoral. Não só teve acesso, como distorceu e divulgou esses dados na campanha descabida que fazia contra o voto eletrônico. Moraes foi flexível quanto às datas, aos prazos e à forma do depoimento – foi o presidente quem decidiu pelo presencial. Bolsonaro protelou o que pôde e, no final, arrependido, alegou cínica e covardemente que exerceria o “direito de ausência” quanto ao comparecimento àquilo que, em carta ao STF, considerou uma “solenidade”.
Alguns juristas defenderão: é válido o subterfúgio. Os mais sensatos responderão: é acintosamente vergonhoso. E pergunto: qual o cidadão brasileiro que, envolvido num inquérito policial, pode se recusar a cumprir uma ordem judicial, alegando “direito de ausência”? Bolsonaro sentiu-se nesse direito, desrespeitou o Supremo e certamente vangloria-se da impunidade – o inquérito da Polícia Federal, embora parcial, diz que o presidente teve “atuação direta, voluntária e consciente” na prática do crime de violação de sigilo funcional. Mas, cá entre nós, o presidente também poderia usar esse termo – “direito de ausência” – para justificar suas ações e omissões em três anos de governo. E, quem sabe, expandi-lo; lhe cairia bem, por exemplo, o “direito de ignorância”, o “direito de grossura”, o “direito de intolerância”, o “direito de negacionismo”.
Não nos esquecemos que, dois anos atrás, em fevereiro, um homem de 61 anos chegava de uma viagem à Itália trazendo a doença sem saber. Foi o primeiro registro do novo coronavírus no Brasil. No mês seguinte, aconteceu a primeira morte. De lá para cá, mais de 625 mil brasileiros perderam a vida pela incúria de um governo criminoso que até hoje faz campanha contra a vacina e prega a adoção de medicamente comprovadamente ineficazes e perigosos. Continue lendo
Publicado em Sem categoria
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Sem espaço para a paixão e o flerte?
Autora Mary Gaitskill problematizou corajosamente o movimento #MeToo e traz discussão para livro
Talvez você tenha ouvido falar da contista e ensaísta Mary Gaitskill porque, em 1988, ela causou nos Estados Unidos ao escrever sobre mulheres envolvidas com drogas, sadomasoquismo e trabalho sexual. O livro em questão se chama “Mau Comportamento” (e acaba de ser relançado pela editora Fósforo, aguardem resenha!) e foi considerado um divisor de águas na maneira como a sexualidade feminina é tratada na literatura. O conto que deu nome à obra inspirou, em 2002, o filme “A Secretária”, com Maggie Gyllenhaal.
Talvez você se lembre do nome Gaitskill porque, mais recentemente, em 2019, ela foi muito corajosa ao problematizar o movimento #MeToo. Incomodada com o que chamou, em uma entrevista para “O Globo”, de “ortodoxia sexual, sem espaço para a paixão e o flerte”, seu desejo, sobretudo como contista, não era defender nenhum suposto abusador, mas sim dar alguma chance para as histórias, deixando que elas tivessem nuances, ambiguidades e zonas cinzentas.
Foi dessa fase que nasceu o incômodo, genial, complexo, irritante –e mega disparador de gatilhos– conto “Isso é Prazer”, lançado no final do ano passado, também pela Fósforo. Trata-se de uma edição bem interessante porque, na sequência, podemos ler o ensaio “A dificuldade de seguir as regras”, escrito em 1994, sobre abusos sofridos e causados e como a autora teve que aprender a entendê-los e a se posicionar diante deles. Ela é uma feminista angustiada com o fato de algumas mulheres se colocarem rapidamente, sem grandes questionamentos, no lugar de vítimas –o que é bem polêmico.
Voltemos ao conto. Quin é um editor bem-sucedido, charmoso, elegante, divertido, aparentemente inofensivo (baixinho) e viciado em flertar. Ou, melhor dizendo, viciado em abençoar as mulheres à sua volta com tamanha atenção, devoção, presença e perspicácia. Um verdadeiro deflagrador de “momentos mágicos” (o personagem me lembrou tantas histórias pregressas e íntimas que estou até agora tentando separar, em vão, bons afetos de ódios canceláveis –o que significa, a meu ver, que estamos diante da mais afiada literatura).
Para orgulho próprio, o que denuncia seu conservadorismo, Quin não chega a trair a esposa sexualmente, todavia, com a desculpa de se sentir vivo, o editor dedica seus dias a cativar e manter um séquito de jovenzinhas e senhoras que provoca, aconselha, ajuda, salva da solidão, lota de mensagens, leva para almoçar, para comprar roupas e, em raros momentos, as toma de surpresa com uma mão boba e microagressões físicas e psicológicas. Até que muitas dessas se unem, revoltadas, assinam uma carta e ele perde tudo: emprego, prestígio e o respeito da esposa.
Margot, também editora e uma das melhores amigas de Quin (e claramente um alter ego da autora), rivaliza como protagonista, dividindo seus relatos com os do editor acusado de assédio e consigo mesma, ora irritada com tantas mulheres que se beneficiaram da generosidade e dos bons contatos do poderoso, excêntrico e badalado descobridor de novos talentos (e colocando o amigo em um lugar fragilizado, “ele é só um bobo”, ao mesmo tempo que retira essas acusadoras de um lugar que considera fraco, “elas não poderiam ter dito somente que não queriam?”), ora sentindo um profundo, verdadeiro –e confuso– asco por ter sido uma das pessoas que se deixaram seduzir por um homem manipulador e obcecado por si mesmo: “eu senti uma fascinação relutante”.
“Por que você quer ser amiga de um cara desse?” é a pergunta que fazem a Margot, a Mary, a mim. Que todas nós nos fazemos. E eu ainda me pego, vez ou outra, lembrando com um misto de saudade e aspirações assassinas de muitos deles.
Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo
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A Love Storry
Liv Ulmann tinha apenas 25 anos, e era uma atriz novata com poucos filmes no currículo. Ingmar Bergman tinha 46 anos e já era considerado um dos maiores cineastas vivos do seu tempo. Eles dois se encontraram nessa época, e ele a convidou a trabalhar num filme chamado Persona, e a partir daí nunca mais se separaram. Bergman dirigiu Liv em doze filmes, e eles formaram durante muito tempo uma colaboração muito rica para o cinema. Apesar de terem vivido como casal durante apenas 5 anos, eles continuaram trabalhando juntos, vivendo um relacionamento que durou 42 anos.
Um documentário sobre a longa relação dessa dupla que segundo Bergman, passaram a vida toda “dolorasamente conectados”. Direção de Dheeraj Akolkar, Noruega; Suécia e Reino Unido; 2012; 1h21min.
Recentes decisões sobre o direito do consumidor
Recentemente, o Tribunal de Justiça da União Europeia proferiu decisões importantes para os consumidores.
Para os que viajam no continente europeu, decidiu-se que um voo deve ser considerado cancelado quando a transportadora aérea operadora o antecipa em mais de uma hora. Também, a comunicação tardia da antecipação dá direito a uma indenização ao passageiro, que é fixada segundo a distância, em 250, 400 ou 600 euros, em caso de cancelamento ou de atraso considerável (C-395/20).
Noutro caso, entendeu o Tribunal de Justiça da União Europeia que as cláusulas abusivas são aquelas que não são discutidas entre as partes, quando não houve negociação individual, mas se a cláusulas decorre de uma disposição de lei ela não pode ser considerada abusiva, isto é, que prejudica o consumidor (C-243/20).
Quanto à difusão de afirmações depreciativas pela internet fixou-se que a competência para o julgamento está unicamente sujeita à condição de o conteúdo atentatório estar ou ter estado acessível no território. O caso foi entre os causadores do dano situados na república Tcheca, a vítima ser da Hungria e a ação ter sido ajuizada na França (C-251/20).
Por último, a chamada “inbox advertising”: a exibição na caixa de entrada de correio eletrônico de mensagens publicitárias sob uma forma que se assemelha à de um verdadeiro correio eletrônico constitui uma utilização desse meio para fins de comercialização direta no conceito da diretiva legal relativa à privacidade e às comunicações eletrônicas.
Nesse caso, uma ação que consiste na exibição na caixa de entrada do utilizador de um serviço de correio eletrônico de mensagens publicitárias sob uma forma que se assemelha à de um verdadeiro correio eletrônico é abrangida pelo conceito de “solicitações persistentes e não solicitadas” da Diretiva legal relativa às práticas comerciais desleais se a exibição dessas mensagens publicitárias. Para caracterizar-se ela precisa ter um caráter suficientemente frequente e regular para poder ser qualificada de “solicitações persistentes” e, ser qualificada de “solicitações não solicitadas”, na falta de um consentimento dado por esse utilizador antes dessa exibição (C-102/20).
Como se vê, o direito do consumidor brasileiro precisa de muitas atualizações.
Publicado em Claudio Henrique de Castro
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Olavo de Carvalho é impedido de reencarnar por não apresentar comprovante de vacinação
Após ter tido uma passagem para o outro plano cheia de homenagens e comemorações, Olavo de Carvalho teve dificuldades em se manter em uma nova moradia. Sua estadia no inferno foi recusada pelo próprio Satanás, que se recusou a ter sua imagem associada a um negacionista — no Céu, foi barrado por razões óbvias. Uma curiosidade: a onda de calor sentida nos últimos dias pode ter sido causada pela abertura das portas do inferno para o recebimento do guru de Bolsonaro.
Enquanto aguardava no Purgatório, o astrólogo foi encaminhado para a a reencarnação, mas teve seu visto de volta negado por não apresentar comprovante de vacinação. Olavo tenta agora reencarnar na Terra plana.
Era da Mentira
Temos que conhecer de forma objetiva as estratégias dessa velha arte
Nos últimos dias temos escutado muitas mentiras. Tem de todo tipo: mentira deslavada, ambiguidade intencional, retirada de contexto, projeção, inversão. Como são muitas e concorrentes, disputam hegemonia. Um nome educado para isso é “disputa de narrativas”, no grande mercado simbólico que rege o mundo. Ganha quem souber mentir mais tempo para mais gente.
Roubar no jogo é o novo jogo. Alterar os dados, as imagens, os fatos? Pode. Ocultar informações? Pode. Invadir domínios públicos e privados? Pode. Roubar dados? Deve. Afinal, guerra é guerra e lucro é lucro. Lentamente naturalizamos o uso de tais estratégias.
Já adianto o final da coluna: precisamos criar um campo específico do saber chamado mentirologia. Temos que conhecer de forma objetiva as estratégias dessa velha arte, assim como as estruturas subjetivas aí atreladas. Vejamos alguns cases recentes.
O Intelectual. Ele queria nos mostrar que vítimas também são algozes, retomando o intrincado problema da dominação. Foi soltando um fio de exemplos justapostos para demonstrar sua tese, usando invariavelmente a metodologia metonímica de tomar a parte pelo todo (uma parte mínima, minúscula). Um dos seus argumentos: vejam Abdias, uma referência do movimento negro no Brasil e no mundo, na verdade fez parte de um movimento autoritário e, por que não dizer, fascista. Abdias viveu quase um século, fazendo de sua vida uma grande obra, com todos os elementos da clássica “trajetória do herói” (produtores do Brasil, #ficaadica). Participou durante poucos meses —entre os mais de 1.100 que viveu— de um movimento que se dizia “integrador” e que lhe interessou por pretender ser crítico do imperialismo e valorizar o Brasil e sua cultura. Abdias logo percebeu o embuste e saiu para fazer as outras e mais interessantes coisas que realizou em 99% do seu tempo de vida. Por que Antonio alterou a história, inclusive mensurável e documentada? Precisava desesperadamente preservar seu desenho de mundo para conseguir estar nele?
Será que a gente sempre sabe quando e quanto mente? Pintar um quadro tão falseado da realidade é mentir. E não precisa nenhum Platão expulsar artista da pólis e criticar a mimese para gente entender isso.
Tem o Juiz. Ele faz mágica e joga em todas as posições: acusa, defende, julga. Compra e vende. Compra e vende informação, ganha (muito) dinheiro. Trama trama e esconde-esconde. Uma parte da arquibancada tenta investigar, a outra tenta acreditar. Na boa-fé ou na loucura da autoilusão, o que normalmente dá na mesma e é sempre uma má ideia de fé. Aliás, fé não é uma boa ideia.
O case presidente ainda vai render trabalho final de curso e mil doutorados em mentirologia. Você frauda e vence o jogo dizendo que o outro frauda (rouba). Depois você começa a perder, então frauda (por ex., o TSE) e diz que o outro frauda (por ex., a urna). Espiral satânica.
O último case é o mais curioso: o personagem ficou famoso por denunciar fetos em refrigerantes e debochar de vírus, vacinas e cigarros. Morreu, coitado. E sim, investigar a gigantesca indústria química contemporânea é um trabalho necessário, de preferência chegando do lado certo da história (confesso: tive pena do idiota sabichão que escolheu ser contra a vacina e a favor do cigarro). Mas minha pergunta hoje é outra: como alguém que se diz astrólogo, e portanto estuda um pouco dos astros, pode afirmar que a gente não sabe porra nenhuma então por que caralho a Terra não pode ser plana? No século 3 a.C., Eratóstenes conseguiu calcular, com varetas fincadas em Siena e Alexandria, a circunferência da Terra. Sim, há 2.200 anos, um grego calculou essa medida, com um erro mínimo, a partir da premissa de um planeta redondo habitado por animais racionais.
O que me assusta, na verdade, é que entramos numa era em que fica cada vez mais tênue a borda entre a mentira, a pilantragem e a loucura.
Publicado em Sem categoria
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Tempo
Robert Amorim, Le Pomme de Terre, Lapa, Rio de Janeiro, 2010. © Giselle Hishida
Publicado em Beto Batata
Com a tag beto batata, giselle hishida, le pomme de terre
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