© Robert Farnham

Publicado em elas | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

© Helmut Newton

Publicado em fotografia | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Sessão da meia-noite no Bacacheri

My Salinger Year é um filme de 2020 escrito e dirigido por Philippe Falardeau, baseado nas memórias de mesmo nome de Joanna Rakoff. Estrelado por Margaret Qualley, Sigourney Weaver, Douglas Booth, Seána Kerslake, Colm Feore e Brían F. O’Byrne.

Publicado em Sessão da meia-noite no Bacacheri | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Movimento Amigos de Darcy Ribeiro

A FUNDAÇÃO DARCY RIBEIRO convida todos que se identificam com seus ideais a formar o Movimento Amigos de Darcy Ribeiro. Faça parte desse Movimento!

“Vivi sempre pregando e lutando pelas causas que me comovem: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Somei mais fracassos que vitórias. Horrível seria ter ficado ao lado dos que nos venceram nessas batalhas. ” (Carta aos moços, 1994)

Há 24 anos Darcy Ribeiro criou a Fundação que leva seu nome, para seguir com essas lutas, que sabia, continuariam atuais para muito além do seu tempo de vida. Essas lutas são os nossos objetivos.

O trágico ano de 2020 escancarou nossas desigualdades e, para nossa tristeza, mostrou o quanto de ódio, intolerância e incompreensão ainda persiste em nossa sociedade.

Fonte: Benfeitoria

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Geração 1968 de volta: Idosos vacinados planejam ir às ruas contra Bolsonaro

Um dos entusiastas da manifestação é o jornalista José Trajano, de 74 anos. “Os jovens terão que ficar em casa e torcer pelos avós”

Cresce nas redes sociais a possibilidade da geração de 1968 voltar às ruas antes dos jovens para uma grande manifestação contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Tudo isto, é claro, após receber a segunda dose da vacina.

Um dos entusiastas da manifestação é o jornalista José Trajano, de 74 anos. “Os jovens terão que ficar em casa e torcer pelos avós”, afirmou ele ao repórter Eduardo Morgado, do Último Segundo.

O jornalista já tomou a primeira dose e tomará a segunda no dia 9 de abril. Ele se colocou à disposição para ir às ruas “tirar o genocida” da presidência.

“Agora, é bom esperar para ter mais gente. Com 90, 80 anos é mais difícil ir. Se esperarmos até junho, mais pessoas terão tomado a segunda dose. E é preciso esperar mais duas semanas para se considerar imunizado. Não é tomar a segunda dose e sair ‘ pererecando’ por ai. Mas gostei da ideia. Já que o jovem não pode sair, vamos sair nós velhos “, disse Trajano.

Trajano classificou o ato como “pontapé inicial ” de uma inversão histórica. “Não vamos ficar atrás dos jovens pela primeira vez, os jovens que torcerão por nós.”

“Esse último panelaço que houve, foi o melhor dos últimos tempos. Pessoal bateu panela com mais força. Estavam desgastados. Foi bem expressivo. Mostra que as pessoas estão querendo protestar. Mas se esperar um pouco mais teríamos mais gente participando. Nunca pensamos que [essas manifestações] pudessem acontecer. Acho que depois elas cresceriam. Se sair em junho ou julho, em setembro teriam mais pessoas, depois em outubro e para o final do ano iria se multiplicando “, finalizou.

A economista Laura Carvalho foi outra que relatou no Twitter que sua mãe está “combinando com os amigos da geração de 1968 uma manifestação depois da segunda dose”. Veja abaixo:

Publicado em Geral | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Proteção à saúde de crianças e adolescentes

A propaganda de produtos e serviços para crianças e adolescentes encontra poucos limites no Brasil e quase nenhuma regulação. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou legal uma lei estadual da Bahia que visa proteger a saúde de crianças e adolescentes (ADI 5631).

A lei proíbe a publicidade, dirigida a crianças, de alimentos e bebidas pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio e foi julgada constitucional.

Segundo o relator, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2010, adotou uma série de recomendações, baseadas em evidências científicas, dirigidas aos Estados, para que regulem a publicidade de bebidas não alcoólicas e de alimentos ricos em gorduras e açúcares.

A OMS recomenda que os locais onde as crianças se reúnem devem ser livres de todas as formas de publicidade de alimentos ricos em gorduras saturadas, gorduras trans, açúcares ou sódio. Entre esses locais estão escolas e suas imediações, clínicas e serviços pediátricos, eventos esportivos e atividades culturais.

A restrição imposta pela lei baiana promove a proteção da saúde de crianças e adolescentes, dever que a própria Constituição.

É possível aplicar restrições à liberdade de expressão comercial, especialmente no ambiente escolar, pois o direito dos fabricantes de veicular informações sobre seus produtos, inclusive dirigidas às crianças, não é absoluto, de modo a inviabilizar restrições à publicidade, desde que impostas de forma proporcional.

Ainda sem uma lei nacional, a publicidade voltada a crianças e adolescentes é useira e vezeira em incentivar o consumo de alimentos, bebidas e produtos com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio, dentre outros produtos e serviços inadequados e sem a devida informação.

Fonte: www.direitoparaquemprecisa.com.br

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

René Ariel Dotti por inteiro – parte VII

Certa feita, o professor René foi procurado pelos professores Oldemar Blasi e Maury Rodrigues da Cruz. O primeiro por décadas diretor do Museu Paranaense, o segundo seu sucessor no cargo. Um famoso botânico e arqueólogo alemão, há décadas radicado no Paraná, havia falecido e não tinha herdeiros. Nas suas andanças pelo Estado, havia recolhido um extraordinário acervo de obras de arte indígena e milhares de plantas, a maioria das quais já desaparecidas da flora do Paraná.

O acervo iria ficar abandonado. Era herança jacente, quando a pessoa morre e não tem herdeiros, os bens são herdados pelo Estado. Era necessário abrir o inventário imediatamente e salvar o precioso acervo para as futuras gerações. O professor René procurou a PGE de novo. Na ocasião, o procurador indicado foi o Jefferson Scheer, que abriu o inventário. Como inventariante, foi nomeado o professor Blasi. O juiz, excelente profissional, resolveu visitar o acervo e simplesmente se apaixonou pelo mesmo. Por mais que o Jefferson fosse falar com ele, peticionasse, pressionasse, o magistrado não encerrava o inventário. Toda sexta-feira pela manhã ia até a residência do falecido alemão e ficava horas admirando as peças artesanais e a riquíssima flora. Depois, passou a limpar as peças, regar as plantas e adubar os vasos. Um dia, o Jefferson me ligou desesperado: “Paulo, estão me deixando louco, eles se revezam, o professor René me liga de manhã cedo, o professor Blasi na hora do almoço e o professor Maury no meio da tarde. Eu não sei mais o que fazer. O juiz não encerra o inventário”. Eu respondi: “Jefferson, diga para eles ligarem para o juiz, você já fez tudo o que podia ser feito”. Parece que deu certo, o Jefferson nunca mais se queixou. O juiz nem aí com os telefonemas.

Ocorre que o professor René estava preocupado. O tempo passava e as peças e as plantas corriam risco. Num janeiro de recesso forense, o advogado falou mais alto e o René ligou para o doutor Wagner Pacheco. Disse que o juiz estava de férias e poderíamos terminar finalmente o inventário com o juiz substituto. O Wagner respondeu que o Jefferson estava de férias, a PGE estava com poucos procuradores e muito trabalho. “Vou mandar uma delegação de poderes e o Paulo peticiona para encerrar o inventário” – argumentou. Fiz o pedido, fomos, professor e eu, falar com o substituto e ele sentenciou, terminando o inventário e dando a propriedade e a posse dos bens ao Estado do Paraná. O acervo arqueológico foi para o Museu Paranaense. A flora foi doada ao Município. Esqueci de avisar o Jefferson da petição que havia elaborado e protocolado. Ele ficou sabendo da sentença pelo Diário da Justiça e foi verificar o processo. Descobriu a minha petição e ficou magoado pela falta de aviso. Mas passou, ficamos amigos e ele, lamentavelmente, no auge da sua capacidade laborativa, morreu precocemente por complicações pós-operatórias de uma cirurgia bariátrica.

Já falei nesse espaço que a maioria das amizades do René eram de 40 anos. Uma das amizades mais sólidas era com os irmãos Lorusso: Moacyr e Danilo. O primeiro era advogado e o segundo professor de ciências atuariais. Moacyr foi meu colega na PGE e o Danilo foi o diretor-geral da Secretaria na gestão do René Dotti. Eram dois sujeitos extraordinários.

Danilo, como disse acima, era visceralmente anticomunista, mas se encantou com a Dilma Pereira, militante do PCB. Dilma veio da Secretaria do Planejamento. Quando o professor René precisava de uma verba para um projeto, acionava a Dilma e ela ficava horas revirando o orçamento da Secretaria. Sempre achava uma saída e o Danilo passou a admirar a Dilma com muita intensidade. Era só elogios. Quando ele assumiu a direção-geral, notou que a Secretaria da Cultura, por ser uma das mais novas, não tinha contínuos em seus quadros, e muitas vezes servidores mais qualificados eram designados para tarefas simples, mas que dispendiam muito tempo. Lembrou-se de que, quando diretor da Faculdade De Plácido e Silva, contratou os serviços da Guarda Mirim e propôs que a Secretaria fizesse o mesmo. O professor René autorizou, Danilo chamou a Dilma, ela achou um espaço no orçamento e foram contratados 20 guardas-mirins. Dez, que estudavam à tarde, trabalhavam pela manhã; outros 10, que estudavam de manhã, trabalhavam à tarde. Cada um deles recebia meio salário mínimo e a Guarda Mirim cobrava uma taxa de administração de 10%.

Pelo convênio firmado a Secretaria, tinha que servir um lanche aos meninos e meninas às 10 da manhã e às 4 da tarde. O professor Danilo foi conferir e constatou, com grande tristeza, que os guardas mirins devoravam o pão com margarina e o copo de café com leite. Começou a conversar com eles e descobriu que muitos vinham trabalhar sem tomar o café da manhã. Nos da tarde a situação era mais dramática, vários vinham à Secretaria sem almoçar. Convocou a Dilma e deu um ultimato: “Você, que é defensora do proletariado, dê um jeito, pelo amor de Deus, de alimentar melhor os meninos e as meninas”. Dilma se virou, mexeu daqui, mexeu dali, e encontrou uma verba para adquirir 30 tíquetes de vale-refeição para cada um todo mês. No primeiro mês, o professor Lorusso fez a distribuição. Bem naquele dia trazia no bolso uma lista de compras encomendada pela esposa. No final do expediente, foi ao Mercadorama da Praça Tiradentes e viu que os meninos e meninas estavam gastando os tíquetes comprando balas, chocolates e até cigarros. Resolveu acabar com a fuzarca. No outro dia, mandou avisar aos guardas mirins que os tíquetes seriam entregues aos pais, eles deveriam comparecer na sala dele no dia 1º de cada mês. Os meninos e meninas, quase todos, não tinham pai, ou não sabiam quem eram ou os mesmos haviam desaparecido antes ou logo depois do nascimento. As mães trabalhavam e não poderiam deixar o serviço. Danilo não se deu por vencido. Disse que não tinha problema. No dia 1º de cada mês, não iria almoçar para esperar as mães. Se elas não pudessem ir na hora do almoço, não haveria empecilho, ficaria na Secretaria depois do expediente até a última mãe aparecer. Dito e feito.

Para o gabinete, no horário da manhã, foi designado um menino de 13 anos, alto, gordinho, mulato claro, cabelo muito crespo e com o rosto cheio. Levou, maldosamente, o apelido de Bochecha. A mãe do Bochecha era faxineira no colégio Sion e conseguiu com as freirinhas uma bolsa de estudos para o filho. De modo que o Bochecha falava e lia um pouco em francês. Um dia, o professor René me disse: “O diretor da Aliança Francesa vai ligar pedindo uma audiência, encontrei com ele ontem e pedi que ele telefonasse para você. Marque no período em que o Bochecha esteja trabalhando”.

Marcada a audiência, o diretor da Aliança entrou na sala do secretário e foi atendido. Quando a conversa se encaminhava para o final, o professor René chamou o Bochecha e pediu que ele falasse em francês com o diretor. O sujeito ficou encantado e o professor René arrancou uma bolsa de estudos, no período noturno, para o Bochecha na Aliança Francesa.

Publicado em Paulo Roberto Ferreira Motta | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Poema do Aviso Final

É preciso que haja alguma coisa
alimentando o meu povo;
uma vontade
uma certeza
uma qualquer esperança.
É preciso que alguma coisa atraia
a vida
ou tudo será posto de lado
e na procura da vida
a morte virá na frente
a abrirá caminhos.
É preciso que haja algum respeito,
ao menos um esboço
ou a dignidade humana se afirmará
a machadadas.

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | 4 comentários
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

René Ariel Dotti por inteiro – parte VI

Concluído o memorial descritivo e localizados os demais documentos necessários, o Wilton Paese disse que ia levar tudo prá casa e que, na manhã seguinte, me ligaria. Trabalhou a noite inteira. Antes das oito da manhã, ao telefone, Paese disse que estava tudo pronto. Só precisava do dinheiro. Cheguei na Secretaria, o professor René já estava lá, aflito, e eu disse que só faltava entregar o empenho para o Paese.

O professor mandou o financeiro efetuar as providências necessárias. Surgiu um pequeno problema: o empenho tinha que ter o beneficiário do depósito, que era uma das Varas da Fazenda Pública de Curitiba, mas não sabíamos qual, eis que o processo teria que ser sorteado e distribuído. Liguei pro Paese, que já estava na Procuradoria. Ele respondeu que iria redigir uma petição, pedindo distribuição de urgência e que nos encontrássemos no Fórum. O professor, então, me disse que fosse lá e pedisse a distribuição de urgência. “Depois, me liguem. Me liguem!”

Cheguei no Fórum, encontrei o Paese e pedimos para ser recebidos pelo juiz diretor do Fórum, que era o doutor Tesserolli, depois desembargador. Foi uma conversa tranquila, e ele, excelente magistrado, entendeu tudo e despachou na hora a ordem para o distribuidor. Fomos até a distribuição, colocaram quatro bolinhas numa urna, rodaram e tiraram a bolinha com o número da Vara. Pedi para usar o telefone e liguei para o gabinete do Secretário. O professor René atendeu, eu falei qual era a Vara e ele disse que esperássemos no térreo, que o empenho está indo com a indicação do beneficiário do depósito.

Paese e eu descemos ao térreo e ainda não havíamos terminado de fumar e eu nem acreditei: o carro da Secretaria chegou e o próprio professor René desceu com o empenho na mão. Fomos direto ao balcão da Vara e perguntamos se o juiz estava. Com a resposta positiva, o professor falou ao atendente: Diga ao doutor Bortolleto, também depois desembargador, que o Dotti deseja falar com ele. Não deu um minuto e fomos recebidos. Só o professor falou. O doutor Bortolleto leu a petição, examinou os documentos e mandou chamar o Adalberto, que era o juramentado da Vara, meu amigo desde os tempos da faculdade: “Adalberto, estou despachando agora a ordem de imissão de posse para o Estado do Paraná e o despejo do proprietário. Chame o melhor oficial de Justiça e datilografe os mandados. Quero-os cumpridos ainda hoje”. O professor René ficou muito emocionado e segurou o choro. O Paese voltou para a PGE e nós para a Secretaria.

No final da tarde, o Turco apareceu na Secretaria, acompanhado pelo advogado, pedindo para falar com o Secretario. O professor ficou desconfiado e chamou os assessores que estavam envolvidos com o caso. A conversa não poderia ter sido melhor. Disse que queria fazer um estacionamento no local e como foi citado naquele dia estava ali para dizer que aceitava o valor da indenização e que não iria brigar, já estava respondendo a um inquérito policial por demolição sem alvará. Queria encerrar o processo. Voltei a falar com o Paese e, no dia seguinte, ele e o advogado do turco firmaram uma petição conjunta pedindo a extinção do processo pela aceitação do valor depositado e a ordem para o Registro de Imóveis transferir a propriedade do imóvel ao patrimônio do Estado.

Contudo, a guerra ainda não havia terminado. Não havia dinheiro para a reforma. O professor René, certamente envergonhado, não bateu na porta do Banestado. Foi no Bamerindus. Lá o diretor de marketing disse que era impossível qualquer doação. Estavam construindo um teatro no prédio sede, o Palácio Avenida, que fica no calçadão da Quinze, quase na frente da Boca Maldita. O professor, como grande advogado que era, começou a falar, mansamente, que não poderia, na “sua ignorância”, entender como um banco, do porte do Bamerindus, não poderia arcar com dois pequenos teatros ao mesmo tempo. O diretor ficou envergonhado e disse que iria encaminhar o pedido ao presidente do banco. Dias depois, ligou para o professor René perguntando em qual conta corrente poderia depositar a quantia solicitada pelo ofício do secretário.

Como expliquei acima, não era necessário fazer licitação. Mas uma coisa era contratar um topógrafo e outra, completamente diferente, era reformar um teatro. O professor disse que não bastava “a mulher de César parecer honesta, tinha de ser honesta”. Que o Departamento de Obras da Secretaria de Administração fizesse a licitação. A mesma foi feita e ganhou a construtora que apresentou o menor preço. Mas as coisas não saíram exatamente como se imaginou. Para ganhar a licitação, o dono da construtora cotou um preço baixo. Quando entrou na obra viu que não teria o lucro que imaginava, começou a fazer corpo mole, colocou dois peões para limpar a caliça e não assentou um tijolo. O professor René entrou em desespero e voltou na PGE. Desta vez, escalaram o Rogério Distéfano, que, nas horas vagas, é o responsável pelo blog O Insulto Diário. Às vezes, tem dia em que o Rogério não insulta ninguém. Em compensação, no dia seguinte, publica meia dúzia deles. Distéfano é um dos melhores advogados que conheço. Transita em todas as áreas do direito com inegável talento. Possui um extraordinário poder de síntese. Em duas laudas, explica e fundamenta o que outro advogado faz em dez ou quinze. Rogério estudou a situação e deu o veredito: “Professor, uma ação dessas demora anos, tente um acordo com a construtora. Fale com o Departamento de Obras”. O secretário, advogado com grande experiência e sentindo firmeza no parecer do Distéfano, seguiu o conselho. Foi ao Departamento e quem salvou a pátria foi o Maurício Sá de Ferrante. Chamou o dono da construtora, utilizou de alguns argumentos digamos mais incisivos e, ao final, o sujeito desistiu da obra em troca do pagamento da limpeza e da retirada da caliça. Tempos depois, o Maurício me contou que, quando comunicou o acordo ao professor René, ele começou a chorar de emoção.

Nova licitação foi feita, uma construtora competente foi contratada e o teatro foi reinaugurado. Meses depois, o Zé Maria Santos faleceu precocemente. Ulisses Iarochinski, jornalista, ator e agora romancista, ex-aluno do Zé Maria, começou uma ferrenha campanha pelas páginas do Jornal do Estado para que o teatro tivesse o nome do Zé Maria. Os produtores replicavam nos outros jornais a sua contrariedade.

A briga foi feia. O professor René, procurado pelos dois lados, não entrou na bola dividida. Afirmou que tinha sofrido um grande desgaste pessoal e emocional com a desapropriação e reforma do teatro e que, na sua opinião, as duas partes tinham lá suas razões. Meses depois, o Ulisses convenceu o deputado Algaci Túlio a apresentar um projeto de lei dando o nome do Zé Maria ao Teatro. O relator do projeto, deputado cujo nome lamentavelmente me escapa, foi salomônico, propôs que o nome fosse Teatro da Classe José Maria Santos. A lei foi aprovada.

Publicado em Paulo Roberto Ferreira Motta | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

A última reportagem de Gilberto Dimenstein

Estimado leitor: se você ainda não leu, deve ler com urgência um pequeno livro de pouco mais de 130 páginas, escrito pelo jornalista Gilberto Dimenstein, em parceria com sua companheira de vida, a também jornalista e ativista social Anna Penido – “Os últimos melhores dias da minha vida”, já na segunda edição, editado pela Record. Ele vai mudar a sua vida. Ou torná-la mais feliz. Encomende-o através da Amazon, a edição impressa custa apenas R$ 25,82 e lhe será entregue em poucos dias.

Gilberto Dimenstein foi um dos maiores jornalistas que este país já teve. Escrevia bem, seus textos, de agradável leitura, tinham conteúdo e sabedoria. Foi repórter, redator, editor e diretor de sucursal da Folha de S. Paulo. No início da carreira, como confessa, adotou o “kit básico” de todo jornalista do seu tempo: além de fumar, abusou muito da bebida. Não chegou a ser um alcoólatra, mas começou a perder o controle. Aí, deu um basta. Mas não é por aí que eu pretendo seguir.

Certa noite, Gilberto sonhou com uma mulher desconhecida que lhe disse: “Você está com câncer”. Ele sempre desconfiara desse tipo de coisa. Sua formação era rigorosamente científica, lógica, matemática. Sentia-se bem, sem nenhum problema de saúde, já tinha parado de fumar e estava abstêmio fazia mais de seis anos. Ademais, não tomava nem café, nem comia carne vermelha. E pedalava por toda São Paulo. Quer dizer, quando o sonho chegou, ele estava no auge da sua saúde. Tinha feito checkup dois meses antes – endoscopia, colonoscopia, ultrassonografias, exame de próstata, coração – e tudo se revelara ok.

No entanto, aquele sonho deixou-o cismado. Como seu médico estava de férias, procurou um especialista. Fez uma tomografia. Depois de uma longa espera pelo resultado, quando um enfermeiro disse-lhe que estava com pancreatite e que precisava tomar uma injeção para a dor, Gilberto virou-lhe as costas e foi para casa. No táxi, cometeu a bobagem que todos cometem: consultou o dr. Google e acabou chegando ao câncer de pâncreas, uma doença letal, com tratamento apenas paliativo e que mata em um período de um mês a, no máximo, um ano.

Quando chegou em casa, o médico confirmou a possibilidade de o seu sonho ter fundamento. No dia seguinte, uma ressonância magnética confirmou a tomografia. Só voltou para casa dez dias depois, após a extração de um tumor. Era um adenocarcinoma na cauda do pâncreas, retirado bem no comecinho. Passou a ser tratado pelo maior especialista do país e fazer quimioterapia com nova medicação. Uma febrícula, no entanto, revelou a existência de novos tumores, desta feita no fígado. Era a metástese e a coisa se tornou mais complicada. E a vida de Gilberto Dimenstein mudou por completo, o seu modo de ser, de ver as coisas, de entender as pessoas. A doença transformou a sua existência em um campo de descobertas, que ressignificaram a relação dele consigo mesmo e com todos à sua volta. Passou a viver o presente e os pequenos prazeres que lhe trazia, relembrando Rubem Alves, de quem fora grande amigo e com quem publicara também um livrinho. Dizia Rubem que “a vida não se justifica pela utilidade, mas pelo prazer e pela alegria”.

Tudo isso é narrado, com sinceridade, isenção e extrema competência, por Gilberto em “Os últimos melhores dias da minha vida”. Um depoimento que emociona e leva à reflexão. O autor traça um balanço de sua vida, reconhecendo os erros e as mesquinharias, mas com a certeza de nunca haver traído o seu propósito de ser solidário com os mais frágeis e de ajudar muita gente. Teve também a convicção de que mesmo as batalhas que perdeu foram travadas do lado certo. A morte jamais o desesperou – apenas o ensinou a ver e viver a vida a partir da perspectiva da morte.

Gilberto faz questão de destacar a importância de Anna Penido em sua vida, especialmente nesse período final. Com ela, confessa que redescobriu o amor, isto é, “o amor de verdade”, que já não acreditava mais ser possível. E com Anna seguiu até o fim. Durante a escrita, ela foi parceira e ombudsman. Como não tinha mais força para fazer o trabalho sozinho, ela o complementou. E o livro, escrito a quatro mãos, “acabou ganhando ares de uma grande história de amor”.

No posfácio, Gilberto revela que o livro teve o propósito de produzir um relato jornalístico sobre como enfrentou uma doença grave e de descrever essa experiência a partir do olhar do doente. Sabia que tinha em mãos todos os elementos para fazer uma boa reportagem, sem derivar para a autoajuda – o que o apavorava –, ditar regras ou oferecer dicas ou receitas. Conseguiu.

Gilberto Dimenstein faleceu em 29 de maio de 2020, aos 63 anos.

Publicado em Célio Heitor Guimarães - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Ernesto Araújo torna-se bode expiatório que convém a Bolsonaro

Se o chanceler Ernesto Araújo for afastado do cargo, como pedem senadores e líderes do Centrão, não será porque ofendeu o governo chinês em plena pandemia, esqueceu de usar máscara numa coletiva em Israel, ou apostou na reeleição do ex-presidente americano Donald Trump. Nada disso derrubaria o ministro. Ele cairá, se esse for, de fato, seu destino, porque virou o bode expiatório da vez. 

Assim avaliam no Itamaraty o atual momento do chefe da diplomacia brasileira. A sensação é de que Araújo vive o pior momento de sua gestão à frente da pasta e, se até mês passado ninguém apostava em sua saída, hoje o desfecho da nova crise é considerado incerto.

Não que o presidente Jair Bolsonaro esteja insatisfeito com o trabalho de Araújo. Não está e nunca esteve. Mas a deterioração extrema da situação sanitária no Brasil exige sacrifícios. Alguém, em palavras de diplomatas, deve pagar por um festival de incompetências.

Se o Brasil não conseguiu, ainda, a quantidade de vacinas necessárias, analisa-se internamente, não será um novo chanceler quem vai resolver esse problema. Cabe ao Ministério da Saúde e ao presidente mudar de estratégia. Mas o ministro da Saúde acaba de ser trocado, e essa mudança não acalmou os ânimos entre aliados de Bolsonaro.

A saída do general Eduardo Pazuello foi pouco. Por isso, agora o nome da vez é Ernesto Araújo. Em dois anos, o chanceler cometeu uma série de erros, em nome de seu alinhamento total com Bolsonaro e a ala ideológica do governo. Para muitos, foi escolhido como ministro por essa sintonia fina com as teorias de Olavo de Carvalho, que tanto encantaram o presidente e seu séquito mais próximo. Bolsonaro nunca cogitou pedir a renúncia de Araújo, basicamente por este sempre ter sido funcional ao projeto de poder do presidente.

O problema hoje não é de sintonias, ou erros que outros apontam, mas que nunca incomodaram Bolsonaro, afirma-se nos corredores do Itamaraty. É que todos esses erros ganharam uma nova dimensão com a aceleração da pandemia e o Brasil se tornando epicentro global. Araújo estará, se for o caso, pagando pelo conjunto da obra. Não se fazem mais apostas, o jogo mudou.

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História

crumb-20

7 de agosto|2010

Publicado em mural da história | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter